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Coluna André Andrès

Fachada de mercadinho esconde uma das maiores adegas do ES

Centenas e centenas de rótulos são oferecidos aos apreciadores de vinho num espaço amplo escondido em um mercado de Domingos Martins

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A entrada do Mercadinho Barrigão, em Domingos Martins: fachada igual a de tantos outros pontos comerciais parecidos esconde adega incomum. Foto: Divulgação

Olhe para a foto acima. À primeira vista, trata-se de mais um dos mercadinhos típicos de bairro, espalhados pelas nossas cidades. A fachada é simples, com o nome do local fazendo referência ao apelido de seu dono. Há avisos de promoção e alguns sacos de carvão para o churrasco do final de semana…

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Pois é, mas nem tudo é como parece ser.

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Discretamente, uma pequena placa na porta anuncia: “Visite nossa adega”. Os desavisados podem entrar no local, seguir até o fundo, encontrar um espaço com ótimos rótulos e imaginar ter encontrado a ‘adega’ citada na placa. Engano. À esquerda, uma rampa de madeira, ladeada por prateleiras com fileiras de vinhos, leva ao subsolo. E ali o espaço impressiona: centenas e centenas de garrafas espalhadas por gôndolas, colmeias de madeira e caixas fazem a alegria de qualquer amante de vinhos. Mais alguns passos e um outro nível aparece no subsolo. Uma escada leva a uma sala com teto de vidro (isso a torna visível no piso acima). Mais prateleiras e mais vinhos se espalham por ali.

A (r)evolução do vinho: do clássico à transformação sensorial

A adega tem poucos meses de funcionamento, e nenhuma possibilidade de ser comparada a qualquer espaço parecido na Grande Vitória. As lojas especializadas e as áreas reservadas pelas grandes redes de supermercado podem ganhar na decoração e, talvez, na diversidade dos rótulos. Mas, em tamanho, nada se assemelha à adega do Mercadinho Barrigão, em Domingos Martins. Há rótulos para todos os gostos e bolsos. Desde os vinhos suaves, baratíssimos, até o conhecidíssimo El Principal.

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E tudo começou no Uruguai

Espaço ocupado pela adega é um dos maiores do Esoírito Santo. Foto: Divulgação

Parte superior da adega do Mercadinho Barrigão: centenas e centenas de rótulos para a alegria dos amantes de vinhos. Foto: Divulgação

Fredelino Schaffel, o dono do mercadinho e do apelido pelo qual o ponto é conhecido, começou a amadurecer a ideia durante uma viagem ao Uruguai, em 2019. “Ele viajou com alguns amigos. Um dos locais tinha uma adega bem especial. E ali começou a surgir o sonho “, conta Ralf Junior, 25 anos, responsável por tocar a adega. O mercadinho tem longa história, de 27 anos. Já contava com um local reservado aos vinhos, expostos ao lado de outros produtos. A construção da adega exigiria, e ainda exige, um esforço maior. O espaço no subsolo começou a ser preparado, e há seis meses ficou pronto. A ideia é atender os muitos turistas que vão passar feriados e finais de semana em Domingos Martins. É comum os apreciadores de vinho levarem suas garrafas para a cidade. Se a questão era qualidade ou preço, isso não é mais necessário, porque a oferta de rótulos portugueses, argentinos, chilenos e espanhóis, principalmente, é farta. E os preços são bem convidativos. Só como comparação, além do já citado El Principal, o Catena Malbec Argentino, rótulo famoso por estampar quatro mulheres representativas da história da casta, sai por R$ 730, muito abaixo do valor praticado nas lojas e na web. O exemplo citado foi de um vinho mais caro, mas os preços se mantêm num patamar bastante aceitável também no caso de rótulos mais baratos. Dependendo do valor, a compra pode ser parcelada em três vezes.

O segundo nível da adega do Mercadinho Barrigão. Foto: Divulgação

A adega tem dois níveis, mas ainda não está concluída. Clientes encontram desde vinhos suaves até rótulos bem mais elaborados. Foto: Divulgação

O vinho mais procurado na casa é um campeão de vendas no estado, o Calicanto. A busca por vinhos portugueses também é grande. A adega ainda precisa ser concluída. “Temos palets espalhados pelos cantos, precisamos arrumar isso. Vamos fazendo aos poucos”, diz Ralf, referindo-se às grandes grades de madeira usadas por exportadores. Talvez nem seja necessário, porque quem gosta mesmo de vinho gosta também dessa ‘bagunça organizada’, normal em espaços assim. Com o tempo, Ralf deve aprender um pouco mais sobre esses hábitos, às vezes estranhos, dos apreciadores de tintos e brancos. Talvez isso demore um pouco, porque, apesar de ser o responsável pela escolha das centenas de rótulos, ele praticamente não bebe.

Pois é, mas nem tudo é como parece ser…

Mercadinho Barrigão
Endereço: Av. Kurt Lewin, 270 – Carlos Schwambach, Domingos Martins – ES


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André Andrès

Há mais de 10 anos escrevo sobre vinhos. Não sou crítico. Sou um repórter. Além do conteúdo da garrafa, me interessa sua história e as histórias existentes em torno dela. Tento trazer para quem me dá o prazer da sua leitura o prazer encontrado nas taças de brancos, tintos e rosés. E acredite: esse prazer é tão inesgotável quanto o tema tratado neste espaço.

Os artigos publicados pelos colunistas são de responsabilidade exclusiva de seus autores e não representam as ideias ou opiniões do ES360.