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Coluna André Andrès

Adega capixaba terá vinho exclusivo de vinícola boutique

Gran Cave lançará nas próximas semans vinho exclusivo produzido pela Dal Castel, vinícola boutique de Bento Gonçalves

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Encontro, vinho exclusivo da Gran Cave. Foto: André Andrès

O vinho exclusivo da Gran Cave, Encontro, deverá ser lançado oficialmente nas próxima semanas. Foto: André Andrès

Há alguns anos, durante uma degustação em Vitória, Jean-Luc Thunevin deu detalhes sobre como surgiu a expressão “vinho de garagem”. A história é longa, envolve figuras conhecidas, como Michel Rolland e Robert Parker. Dela, no entanto, só queremos o seguinte: um casal fazia vinhos na garagem de casa em Saint-Émilion lá pelos anos 1990. O tinto foi descoberto. Virou ícone, a ponto de dar nome a um estilo de vinho de autor, o “vin de garage”. Hoje, o Chateau Vallandraud, de Thunevin, está entre os grandes rótulos franceses.

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Aqui, no Brasil, temos uma história semelhante, pelo menos no seu início. Ivair Carraro e Henrique Dal Castel transformaram o porão da casa onde moram, em Bento Gonçalves, numa vinícola boutique. Foram descobertos pelo pessoal da Gran Cave, ótima adega localizada na Mata da Praia, Vitória. Decidiram trazer o resultado desse trabalho para o Espírito Santo. E assim surgiu o primeiro vinho exclusivo da Gran Cave. O projeto tem tudo para dar certo.

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A vinícola Henrique Dal Castel tem uma produção baixíssima. Da safra 2022 do Chardonnay foram elaboradas apenas 480 garrafas. A ótima mescla de Merlot e Cabernet Franc rendeu a mesma quantidade de garrafas. O Merlot, varietal, 975 unidades e assim por diante. A baixa produção é um dos pontos em comum em todos os vinhos produzidos por pai e filho. A intenção é clara: com menor volume, eles conseguem controlar muito melhor as muitas variáveis da produção do vinho, desde a casta até a fermentação e o engarrafamento.

Vinhos sem madeira

Outra linha seguida nessa produção é a ausência total do uso da madeira. “Aqui temos a uva pela uva, o vinho pelo vinho”, diz Francielly Ramos, responsável pelos trabalhos da Gran Cave. Seu encantamento é reforçado pela explicação de Henrique Dal Castel. “Não temos nada contra o uso da madeira. Não existe uma proibição. Mas queremos mandar um recado sobre a maneira como as barricas estão sendo usadas”, diz ele. Em outras palavras, eles querem evitar o xarope de carvalho no qual muitas vezes os tintos são transformados, quando há o excesso do uso de barricas novas ou de amadurecimento do vinho em madeira.

Técnicas avançadas de produção rendem vinhos riquíssimos em aroma e sabor. E justamente por serem “a uva pela uva”, muitas vezes as castas acabam mais difíceis de serem identificadas. A Chardonnay sem nenhum contato com madeira, por exemplo, fica inicialmente mais discreta nos aromas, mas muito potente na boca, com uma acidez equilibrada, no entanto, ela se mostra bem presente. O Merlot não demonstra toda a tipicidade de uma casta bem conhecida por aqui. Enfim, os vinhos surpreendem pela qualidade e por serem como são.

O vinho de R$ 1.650 vale mesmo tudo isso?

A Dal Castel tem uma história de décadas e um futuro traçado. As ligações com o vinho surgiram de maneira mais acentuada após a divisão das terras pertencentes ao pai de Ivair Carraro. A partir daí, vieram a produção de diversas castas, as primeiras safras e a dedicação ao aprimoramento da produção, como muitos estudos e testes. A ideia é crescer, mas não crescer descontroladamente. “Queremos chegar a umas dez mil garrafas por ano”, diz Ivair.

E o vinho exclusivo?

Trata-se de um Cabernet Franc 2021, feito com o mesmo rigor dos outros vinhos apresentados durante degustação realizada nesta segunda-feira (15) na Gran Cave. Vinho muito rico nos aromas, muito estruturado, bastante saboroso e com longa vida pela frente. E… só. Porque maiores detalhes a respeito do Encontro, nome recebido pelo vinho exclusivo para marcar a aproximação da Gran Cave com a Dal Castel, só serão dados e conhecidos quando ele for oficialmente lançado. Não deve demorar muito. Até lá, os apreciadores ficarão na expectativa de conhecer a nossa versão, muito particular, do vinho de garagem de Saint-Emilión: o vinho de porão de Bento Gonçalves. Uma versão da qual temos muitos motivos para nos orgulhar…


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André Andrès

Há mais de 10 anos escrevo sobre vinhos. Não sou crítico. Sou um repórter. Além do conteúdo da garrafa, me interessa sua história e as histórias existentes em torno dela. Tento trazer para quem me dá o prazer da sua leitura o prazer encontrado nas taças de brancos, tintos e rosés. E acredite: esse prazer é tão inesgotável quanto o tema tratado neste espaço.

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