Bem-estar
Suicídio entre adolescentes cresce 120% em duas décadas no Brasil
Estudo da Fiocruz mostra avanço preocupante de casos entre jovens de 10 a 19 anos, com destaque para meninas de 10 a 14

Estudo da Fiocruz aponta aumento preocupante nos casos de suicídio entre adolescentes no Brasil. Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil
O suicídio entre adolescentes deu um salto de 120% no Brasil entre 2000 e 2022. Os dados são da Fiocruz e apontam que jovens de 10 a 19 anos têm hoje um risco 21% maior do que adultos jovens.
> Quer receber as principais notícias do ES360 no WhatsApp? Clique aqui e entre na nossa comunidade!
Em 2022, a taxa chegou a 4,62 mortes por 100 mil adolescentes. O cenário mais alarmante envolve meninas de 10 a 14 anos, com crescimento de 176% no período.
Pandemia agravou cenário silencioso
Pesquisadores apontam que a crise se intensificou durante a pandemia, marcada pelo isolamento, pela pressão emocional e pelo aumento das incertezas.
A psicóloga e psicanalista Mariana Weigert de Azevedo destaca que o suicídio é resultado de um processo complexo. “O suicídio nunca surge do nada. Ele é resultado de um acúmulo de angústias, experiências traumáticas e sentimentos de solidão.”
Segundo ela, em muitos casos o jovem não deseja a morte em si, mas o fim de uma dor que considera insuportável.
Adolescência como fase de vulnerabilidade
O período entre 10 e 19 anos concentra mudanças físicas e emocionais intensas. Crises de identidade, cobranças escolares, bullying e pressão das redes sociais podem se transformar em gatilhos.
Sem apoio adequado, esse conjunto de fatores cria um terreno fértil para sofrimento psíquico.
Sinais de alerta exigem atenção imediata
Especialistas alertam que nem todo comportamento pode ser tratado como uma “fase da adolescência”. Alguns sinais indicam a necessidade urgente de ajuda profissional:
- Mudanças bruscas no humor ou na personalidade;
- Isolamento repentino de amigos e familiares;
- Queda acentuada no desempenho escolar;
- Comentários sobre morte ou frases como “queria desaparecer”;
- Alterações no sono e no apetite;
- Automutilação ou marcas no corpo sem explicação;
- Descuido extremo com a aparência ou higiene.
Mariana reforça que “o acolhimento precoce pode salvar vidas”. Professores, pais e cuidadores devem agir ao perceber sinais fora do padrão.
