Bem-estar
Sua visão está embaçada? Faça um check-up oftalmológico
Estudo com base em relatório do SUS mostra que 390 mil operações deixaram de ser feitas. Médico alerta para a importância de manter consultas de rotina

A catarata é uma perda de transparência da lente natural. Foto: Reprodução
As consultas oftalmológicas no SUS caíram 35% na pandemia, de acordo com levantamento feito pelo Conselho Brasileiro de Oftalmologia (CBO), publicado na Agência Brasil, do governo federal. Se levarmos em conta o número de consultas que deixaram de ser realizadas, são cerca de 3,7 milhões.
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Os dados são do Sistema de Informações Ambulatoriais do SUS, na comparação entre 2020 e 2019.
As cirurgias também tiveram redução de 27%, aproximadamente 390 mil procedimentos que deixaram de ser feitos. As consultas de rotina ao oftalmologista são importantes para identificar doenças e prevenir danos irreversíveis à visão.
Catarata: ‘visão embaçada’
Algumas doenças podem prejudicar as atividades cotidianas do paciente, como é o caso da catarata. A catarata é uma perda de transparência da lente natural com a qual nascemos, que é chamada de cristalino (devido ao fato de ser transparente).
Essa opacificação, ou visão embaçada, ocorre ao longo da vida, sendo necessário o tratamento cirúrgico. Em média a catarata é mais observada após os 55 anos de idade.
A cirurgia é importante para devolver a visão integral ao paciente, e é preciso buscar um médico oftalmologista o quanto antes, aos primeiros sinais de visão embaçada. Agora, com o progressivo retorno às atividades normais, é hora de retomar exames e cuidar da saúde.
Hoje em dia, quando pensamos na cirurgia de catarata, não imaginamos a origem da tecnologia que devolve a visão a várias pessoas todos os anos.
As primeiras cirurgias
Não se sabe com precisão a data exata, mas um dos primeiros registros de que se tem notícia da cirurgia de catarata, segundo o médico oftalmologista da clínica Phoco, Dr. Luís Augusto Gesteira Campos, remonta ao século 5 a.C.
Na época, o método utilizado era o coucher, palavra que significa deitar, em francês: o procedimento era feito num sofá.
Esse procedimento consistia em perfurar o olho com uma agulha afiada entre a córnea (parte transparente) e a esclera (parte branca) do olho. O profissional então empurrava a catarata para a câmara vítrea (parte mais posterior do olho).
A falha na assepsia e a natureza truculenta do método apresentavam resultados ruins, no entanto. Ainda assim, em alguns locais do mundo, a cirurgia ainda é feita dessa maneira.
Evolução histórica
Ao longo dos séculos 19 e 20, novos avanços foram sendo incorporados à cirurgia, como a introdução da anestesia geral, além da anestesia local do olho, permitindo ao paciente suportar a dor durante os procedimentos.
No ano de 1949, o médico britânico Harold Ridley observou que um dos pilotos da Força Aérea Real (Royal Air Force) sofreu um trauma ocular com estilhaços de plásticos da cabine do avião e, apesar do corpo estranho dentro do olho, ele permaneceu assintomático.
Essa observação motivou o Dr. Ridley a aprofundar as pesquisas: a primeira lente intraocular foi feita de PMMA (polimetilmetacrilato), material utilizado até hoje em alguns modelos de lente.
Era moderna
“A cirurgia de catarata foi um dos procedimentos que mais evoluíram nas últimas décadas. Em 1950, com a invenção do Microscópio Cirúrgico, houve um avanço exponencial nas cirurgias, nos materiais, nas técnicas cirúrgicas e principalmente na tecnologia empregada. Atualmente, a cirurgia propicia, além da retirada da catarata, a correção parcial ou total do grau do paciente”, acrescenta o Dr. Luís Augusto.
A busca pela melhoria no tratamento ainda trouxe, no final da década de 70, a lente intraocular dobrável, feita de silicone, complementando um aperfeiçoamento inventado em 1965 pelo Dr. Charles Kelman, com menor risco de infecção. Hoje, tanto o modo de se fazer quanto os aparelhos de ultrassom utilizados foram desenvolvidos, tornando a cirurgia mais tecnológica e, claro, segura. E além do método ultra-sônico, dispomos da cirurgia a laser com auxílio robótico na execução, lembra o Dr. Luís Augusto.
Dr. Luís Augusto orienta: “É importante buscar um oftalmologista o quanto antes. O incômodo da visão embaçada pode atrapalhar nas atividades do paciente e recuperar a visão é essencial.”
