Bem-estar
Síndrome da Gordura Dolorosa: o que é?
Especialistas das áreas de endocrinologia, nutrição, vascular e cirurgia plástica comentam sobre esta doença que atinge 10% de toda a população mundial
O termo “Síndrome da Gordura Dolorosa” surgiu na década de 1940. Mas, em pleno 2022, você já ouviu falar dela? Esta Síndrome nada mais é do que chamamos de Lipedema, uma doença crônica que atinge mulheres no mundo inteiro, causada pelo acúmulo de gordura nos braços, quadris e, principalmente, nas pernas, provocando dores, problemas de locomoção e uma sensação de peso nesses membros.
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A conquista da CID11 no início do ano e um maior conhecimento da classe médica fez com que especialistas do Instituto Lipedema Brasil de diversas áreas se unissem este mês por meio de uma ação da ONG Movimento Lipedema Brasil – braço social do Instituto. O objetivo foi levar conhecimento multidisciplinar e ajudar as mulheres que sofrem com a doença a entenderem melhor a patologia e a se conhecerem cada vez mais.
Gordura normal x Gordura do Lipedema –
Existe diferença entre estes dois tipos de gordura? Sim. A gordura do Lipedema é doente. Segundo o dr. André Faria, endocrinologista do Instituto Lipedema Brasil, o Lipedema é uma doença do tecido adiposo, ou seja, uma doença da gordura. A sua inflamação leva à fibrose que, por consequência, leva aos edemas (inchaços), característicos da síndrome. Durante muito tempo, o Lipedema foi uma doença subdiagnosticada por médicos e pela sociedade. “Era mais fácil dizer à mulher que ela estava com obesidade do que orientá-la com ajuda e informação. Felizmente, esta realidade está mudando”, diz.
Alimentação da terra
Ter uma dieta anti-inflamatória é um dos quesitos para quem tem Lipedema. Isto porque a inflamação causada pelo consumo de alguns alimentos e bebidas piora as dores. Segundo a nutricionista do Instituto Lipedema Brasil, Claudia Bellini, um dos primeiros passos para conter a inflamação é a conscientização da patologia e o resgate dos alimentos da terra, aqueles que a própria natureza fornece. “Alimentação é um estilo de vida e a inflamação é uma consequência que vem dessa alimentação”, diz.
-Veja algumas dicas da nutricionista para consumir e aliviar a inflamação do Lipedema:
Verduras e legumes; Frutas; Leguminosas (feijão, ervilha, lentilha); Tubérculos (mandioca, batata, cenoura, gengibre); Raízes e rizomas; Ervas e especiarias (condimentos naturais); Gorduras boas (abacate, azeite); Oleaginosas (nuts); Grãos e Sementes (Chia, Girassol, Linhaça). E tomar água é fundamental. “Não é possível desinflamar sem tomar água”, finaliza.
Linfedema ou Lipedema?
Lipo significa gordura e Edema significa inchaço. “Muitas vezes, a mulher com Lipedema tem a gordura, mas não é só isso. Tem também a questão vascular, ou seja, tem as varizes expostas, manchas etc., a dor na articulação, e os sinais internos como dor à pressão, pernas pesadas, dor latente”, comenta o cirurgião vascular do Instituto Lipedema Brasil, dr. Vitor Gornati.
Linfedema x Lipedema, qual a diferença? O Linfedema é o acúmulo de líquido nos tecidos que resulta em um inchaço. É unilateral, inclui o pé, é assimétrico. Já o Lipedema é o acúmulo de gordura em partes específicas do corpo como braços, pernas e quadris. Pode apresentar garrote no tornozelo, não “some” com exercício físico ou dieta.
É possível ter os dois? Infelizmente, sim. Cerca de 20% das mulheres podem ter Linfedema associado ao Lipedema, segundo o especialista.
Só a cirurgia resolve?
Não. A cirurgia é a única maneira de remover as células adiposas doentes. Segundo o diretor do Instituto Lipedema Brasil, o cirurgião plástico dr. Fábio Kamamoto, uma vez removida, esta gordura não volta mais, pois não há multiplicação dessas células. É possível remover por meio de lipoaspiração até 7% do peso da mulher. No entanto, como não há tratamento ainda coberto pelo SUS ou pelos convênios, as mulheres que não puderem fazer o tratamento cirúrgico, podem apostar no tratamento clínico como uso de plataforma vibratória, que diminui o inchaço nas regiões; drenagem linfática para tirar o excesso de líquido; e, por fim, atividade física preferencialmente de baixo impacto. Estas ações amenizam os sintomas.
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