Bem-estar
Ração para bater a meta de proteína? Médico alerta para os riscos
O alimento canino pode conter contaminantes, toxinas e desequilíbrios nutricionais perigosos ao consumo humano
Um jovem viralizou nas redes sociais ao aparecer consumindo um sachê de ração úmida de animal durante um treino na academia. Mas essa moda não é de agora, Léo Stronda, um dos maiores nomes do universo “bodybuilder” já contou em entrevista que comprava suplementos em lojas veterinárias, fazendo com que diversos praticantes de musculação afirmassem já ter feito o mesmo.
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A tendência pode parecer absurda – e é. De acordo com o médico especializado em performance esportiva Rodrigo Schröder, o consumo de produtos destinados a animais não só podem causar graves problemas à saúde física, como refletem danos na saúde mental como dismorfia corporal ou transtornos alimentares, como ortorexia, vigorexia ou anorexia.
Mas por que as pessoas estão ingerindo ração?
O médico explica que os cães são animais essencialmente carnívoros e têm como base da alimentação a proteína, nutriente conhecido por ser crucial para o ganho de massa muscular. “A ingestão adequada de proteína, distribuída ao longo do dia, maximiza esse processo anabólico”, conta Rodrigo.
No entanto, mesmo com a concentração elevada, a ração não é adequada ao consumo humano. “A qualidade das proteínas e outros nutrientes em rações pode não atender às necessidades nutricionais humanas, levando a deficiências ou excessos perigosos”, lembra.
“Embora a proteína seja essencial para diversas funções corporais, há um limite na quantidade que o corpo consegue absorver e utilizar de uma vez. Estudos sugerem que a absorção eficiente de proteína em uma única refeição varia entre 20-30 gramas, dependendo da fonte de proteína e do indivíduo”, afirma o médico.
Sobrecarga e desidratação
A ração pode causar sobrecarga renal, desequilíbrio e desidratação em humanos. Consumir quantidades excessivas de proteína não faz com que ninguém ganhe mais músculos, mas pode sobrecarregar os rins, aumentar o risco de desidratação e levar a desequilíbrios no metabolismo de nutrientes.
“Especialmente para indivíduos com predisposição a problemas renais, pode ser extremamente perigoso. Além disso, dietas hiperproteicas podem ser deficientes em outros nutrientes essenciais, como fibras, vitaminas e minerais. Por fim, a metabolização da proteína aumenta a produção de ureia, demandando maior quantidade de água para excreção, aumentando o risco de desidratação.”
Para completar, a fabricação da ração não é regulamentada para consumo humano. Desta forma, pode conter contaminantes e toxinas, além de conservantes e corantes altamente prejudiciais. As exigências higiênicas também são diferentes.
Saúde mental
Além do físico, a saúde mental está em jogo. Por trás dos riscos para o organismo, está escondido um problema tão grave quanto: a saúde mental. Segundo Schröder, o hábito deve acender um forte alerta.
“A busca por soluções extremas, como consumir ração para alcançar metas nutricionais, pode ser um sinal de uma relação disfuncional com a alimentação e com o próprio corpo. É crucial avaliar o estado psicológico desses indivíduos e oferecer suporte adequado”.
Consumo de proteína
A quantidade de nutrientes em uma dieta deve ser adaptada a cada indivíduo, mas existe uma série de alimentos que se encaixam bem no dia a dia e não oferecem riscos à saúde, ajudando a bater de forma saudável, sua meta de proteína diária. Segundo Rodrigo, são eles:
- Leguminosas: Feijões, lentilhas, grão-de-bico, soja e derivados como tofu e tempeh.
- Laticínios: Leite, iogurte, queijos e whey protein.
- Ovos: Excelente fonte de proteína de alta qualidade.
- Oleaginosas: Nozes, amêndoas, castanhas e sementes.
- Quinoa: Cereal com perfil proteico completo.
- Peixes e frutos do mar: Ricos em proteínas e ácidos graxos ômega-3.
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