Bem-estar
Jovem de 19 anos é o paciente mais novo a ser diagnosticado com Alzheimer
Caso chama atenção pela falta de mutação genética no paciente. Doença é mais comum em idosos acima de 65 anos

Caso raro foi registrado em Pequim, na China. Foto: ljubaphoto/Reprodução
Um jovem chinês de 19 anos é o paciente mais novo a receber um diagnóstico de Alzheimer já registrado. Após queixa de perda de memória por dois anos, especialistas do Centro de Distúrbios Neurológicos e do Departamento de Neurologia do Hospital Xuanwu, na China, fizeram uma série de testes no jovem até chegar no diagnóstico final. O caso foi publicado pela revista Journal of Alzheimer’s Disease no final de janeiro.
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De acordo com os pesquisadores, o jovem não apresenta nenhum histórico familiar nem sinais de que pudesse ter acontecido algum dano neurológico enquanto era criança para gerar a doença. O relato é de que ele começou a ter uma perda gradual de memória e dificuldade de concentração desde os 17 anos além de dificuldade de lembrar o local que havia deixado seus pertences e de eventos recentes. A partir do Teste de Aprendizagem Auditiva Verbal da Organização Mundial da Saúde da Universidade da Califórnia em Los Angeles, foi possível confirmar um grave comprometimento de memória.
Baseado nos dados apresentados pelo jovem, os pesquisadores passaram a realizar testes médicos até chegar no provável diagnóstico de Alzheimer. Uma técnica de imagem usando fluorodesoxiglicose 18F para examinar o paciente revelou atrofia do hipocampo bilateral e hipometabolismo no lobo temporal bilateral, que pode ser um marcador conclusivo para diagnosticar a doença. Além disso, também foi observado uma concentração alta da proteína TAU, que acumula no cérebro quando o indivíduo apresenta a doença.
Mesmo com a presença de alguns marcadores, o jovem não apresentou acúmulo de outras proteínas marcadoras de Alzheimer como a beta-amiloide. Os cientistas contam que isso pode ter acontecido devido a idade do paciente. No estudo, os pesquisadores apontam que “seu metabolismo rápido pode ter comprometido a produção da proteína, resultando em menos deposição de amiloide no cérebro”.
A confirmação da doença veio após a realização de uma sequência de exames. Mas, o caso chama atenção porque não foi encontrada nenhuma mutação genética que estivesse associada ao desenvolvimento do Alzheimer de forma precoce. Os pesquisadores contam que o caso impressiona justamente pela falta da mutação considerando que todos os pacientes com menos de 30 anos com a doença apresentavam alguma mutação nos genes.
George Perry, editor-chefe da revista Journal of Alzheimer’s Disease, conta que “esta descoberta pode separar a doença de Alzheimer da complexidade do envelhecimento e abrir o campo para novos conceitos para promover a inovação”.
O diagnóstico da doença de Alzheimer de início precoce é bastante raro. Menos de 10% dos casos são diagnosticados em pessoas com menos de 65 anos, de acordo com o índice de Saúde Blue Cross Blue Shield. Antes do caso divulgado, a pessoa mais nova com a doença era um jovem de 21 anos, que apresentava mutações genéticas.
