Fentanil: droga que mais mata nos EUA ameaça chegar ao ES

Um comprimido de fentanil é capaz de levar uma pessoa a óbito. Foto: Drug Enforcement Administration/Reprodução

Cinquenta vezes mais viciante que a heroína e 100 vezes mais forte que a morfina. Esse é o fentanil, a droga que mais mata no Estados Unidos e agora ameaça chegar ao Brasil. O produto foi  encontrado pela primeira vez em um laboratório de drogas no Espírito Santo. A operação, realizada pela Polícia Civil, apreendeu 130 quilos de maconha, 2.500 pinos de cocaína, e 31 frascos de fentanil.

A apreensão chamou atenção de autoridades americanas, que, ao saberem da droga encontrada, enviaram dois agentes para o estado. Segundo a polícia, o opióide estava com um fornecedor de traficante.

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A pergunta a ser respondida agora é: como e onde os traficantes tiveram acesso à substância? A polícia acredita que ela tenha sido produzida em Minas Gerais e mandada para o estado. Aqui, o seu destino seria, oficialmente, um hospital. Agora as autoridades investigam se a droga foi desviada durante o caminho ou se ela chegou ao hospital e a partir daí foi vendida para os traficantes.

Os policiais acreditam que a droga seria misturada a outros tipos de entorpecentes, como cocaína, LSD e ecstasy. Em entrevista para o Fantástico, da Rede Globo, a chefe do escritório da Agência Antidrogas dos Estados Unidos no Rio de Janeiro, Ivone Schon, falou sobre a preocupação a respeito da entrada do fentanil no país. “É a primeira vez que ficamos sabendo que teve uma apreensão de fentanil no Brasil. Os Estados Unidos e Brasil têm uma parceira de trabalho para facilitar e trabalhar conjuntamente, para conscientizar sobre a ameaça de fentanil. Atualmente, nos Estados Unidos, fentanil é a maior ameaça para os nossos filhos, nossas famílias e nossa comunidades”, disse.

A epidemia do fentanil

O médico intensivista Adenilton Rampinelli explica que o fentanil é um derivado de opiáceo, muito mais potente que a morfina. Seu grande efeito é o de analgesia, ou seja, ele é usado para retirar a dor, sendo muito utilizado em centros cirúrgicos após a indução anestésica e sendo usado também na UTI, em pacientes sedados.

“É uma droga muito perigosa para ser utilizada fora desse contexto médico. Além de causar uma dependência muito grande, em grandes dosagens seu efeito colateral é de parada cardiorrespiratória, podendo levar uma pessoa a óbito”, esclarece o médico.

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Exemplificando o grau de letalidade e vício do opióide: apenas dois miligramas são capazes de matar.

Entre os efeitos da substância são descritas alucinações e uma sensação de relaxamento. Seu efeito chega a afetar os pulmões, trazendo uma sensação de falta de ar. São relatados quadros de depressão respiratória, seguido de bradicardia, levando até à parada cardiorrespiratória. Em 2021, nos Estados Unidos, mais de 100 mil americanos morreram pelo uso desse entorpecente.

Vício e comercialização do fentanil

Segundo especialistas, a tragédia do fentanil começou dentro dos próprios consultórios médicos. Usado há mais de 60 anos nos hospitais, existem muitas regras para utilização da substância dentro desses ambientes. Mesmo assim, diversos profissionais da saúde acabam também se viciando.

Visto em diversos formatos, o fentanil em hospitais é mais comum em líquido. Já o comercializado de forma ilícita é transformado em comprimidos, capazes de matar no primeiro uso. Os traficantes buscam misturar a droga a outras para potencializar seus efeitos e torná-las mais viciantes. Segundo a chefe do escritório da Agência Antidrogas dos Estados Unidos no Rio de Janeiro, Ivone Schon, ao fazerem essa mistura, os traficantes aumentam seus lucros na comercialização de drogas.

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