Força solidária: cooperativa do ES oferece mamografias de graça

O mês de outubro é conhecido por ser dedicado à prevenção e conscientização sobre o câncer de mama, doença que acomete milhares de mulheres brasileiras todos os anos. Pensando nisso, uma cooperativa do Espírito Santo se compromete com a saúde da mulher há mais de 10 anos oferecendo mamografias de forma gratuita.

“Um domingo de outubro eu senti uma fisgada no seio esquerdo e comecei a me tocar. Senti que tinha alguma coisa estranha e logo na mesma semana eu fui ao médico, e não parei mais. Então veio o diagnóstico do câncer de mama. Na verdade você pensa que é como se fosse uma sentença de morte. E não é uma sentença de morte.”

O relato acima é de Sannya Britto, uma das mais de 60 mil mulheres que foram diagnosticadas com o câncer de mama entre 2020 e 2022 no Brasil, de acordo com o Instituto Nacional do Câncer. Em novembro de 2021, com apenas 28 anos, ela recebeu o diagnóstico confirmando a existência da doença. Apesar de ter histórico familiar, Sannya sofreu com o impacto de saber que estava com câncer de mama, muito por conta de sua idade tão jovem.

Com muita força de vontade e apoio de amigos e familiares, ela passou por 16 sessões de quimioterapia por seis meses. O tratamento rendeu resultados positivos, mas ainda foi preciso passar pela mastectomia, uma cirurgia dolorosa para a retirada das mamas.

Sannya é professora de química da educação básica. Antes de descobrir o câncer, trabalhava em duas escolas enquanto fazia doutorado em Química. Uma rotina corrida, sem muito tempo para lazer, teve de ser interrompida de forma brusca e inesperada. Hoje, Sannya está curada, mas ainda precisará de medicações diárias orais e bloqueios hormonais pelos próximos 9 anos.

Diagnósticos como o dela são entregues todos os dias no Brasil, visto que o câncer de mama é o que mais acomete mulheres no país. Dentro dessa população feminina, 27% descobrem esse tipo de câncer em estágio já avançado, o que é o principal fator de morte. O diagnóstico precoce tem um papel essencial na vida das mulheres acometidas diagnosticadas com a doença, apresentando maiores chances de cura e tratamentos menos agressivos, evitando a quimioterapia.

“A doença inicial é aquela que tem maiores chances de cura, em que a gente tem opções muitas vezes de oferecer tratamentos menos agressivos, menos mutilantes e com menos toxicidades. O câncer de mama, dependendo do tipo histológico, quando diagnosticado precocemente, muitas vezes é possível tratar apenas com a cirurgia e a gente não precisa fazer quimioterapia. Então, depois da cirurgia, o paciente segue ou com uma hormonioterapia ou outras terapias que forem preconizadas”, explica a médica oncologista Juliana Rocha.

Para essa descoberta em estágio inicial, a mamografia é o principal exame de rastreamento utilizado. Pensando nisso, a cooperativa de crédito Sicoob tem se destacado no Espírito Santo pelo compromisso com a saúde da mulher e a prevenção do câncer de mama por meio do projeto Prevenir. O programa existe desde 2011 e tem como principal objetivo tornar a saúde da mulher mais acessível. Por meio dele, mulheres têm acesso gratuito ao exame de mamografia.

O Prevenir é um dos programas mais antigos no eixo de atuação em saúde do Sicoob e surgiu em resposta à demanda das comunidades por serviços de saúde preventiva, somada à necessidade de combater o câncer de mama nos municípios onde a cooperativa atua. A primeira etapa do projeto envolve a identificação da mulher que precisa fazer o exame. Segundo Sandra Martins, supervisora de responsabilidade social do Sicoob Central, para identificar essas mulheres, a cooperativa conta com a parceria das secretarias de saúde dos municípios, que disponibilizam as informações de quem está na fila do SUS.

“A gente define o número de exames que serão atendidos, define quais mulheres vão ser atendidas. Geralmente, a parceria é feita com a Secretaria de Saúde e atendemos a fila de espera do município. A partir daí, identificamos essas mulheres, vemos se elas estão ali dentro dos critérios, enviamos ao nosso parceiro e esse parceiro faz o contato, o agendamento e o atendimento dos exames”, diz Juliana.

A mulher que se enquadra nos critérios de maior risco do SUS para acometimento da doença é aquela com mais de 45 anos, histórico familiar, fumante e que nunca realizou a mamografia. Com as parcerias estabelecidas entre clínicas e hospitais locais, tanto públicos quanto privados, o agendamento do exame é feito de acordo com a disponibilidade da paciente e, assim, é realizada a mamografia. Os resultados são entregues em uma nova consulta agendada.

O programa também trabalha na conscientização da importância dos exames preventivos, orientando as mulheres a manter uma rotina de cuidados na unidade de saúde do bairro onde mora. “A gente vai pegar exames de mulheres que estiveram na unidade de saúde e que o médico identificou a necessidade de fazer o exame. Então, não é ir ao Sicoob, é ir a uma unidade de saúde mais próxima para poder fazer o registro dela, fazer seus exames clínicos rotineiros e, dentro dessa rotina dos exames, geralmente é solicitado a mamografia”, aponta Sandra Martins.

Após quase dois anos sem realizar mamografias devido à pandemia, houve um acúmulo significativo de exames na fila de espera. Em 2022, o Sicoob pagou pelo valor de 11.911 mamografias no Estado, e a expectativa para este ano é atender a um número ainda maior de mulheres.

O Sicoob é uma cooperativa de crédito que tem como base atender a sociedade há mais de 30 anos, priorizando o sétimo princípio do cooperativismo: o interesse pela comunidade. Sendo a instituição privada que mais oferece mamografias em sua área de atuação com o projeto Prevenir, o Sicoob pretende transformar diagnósticos em conquistas, para que só cresça o número de mulheres que se identifiquem com histórias como a de Sannya. Em 2022, foram realizadas 4.239.253 mamografias em mulheres no SUS, sendo 382,6 mil mamografias diagnósticas e 3,8 milhões de mamografias de rastreamento.

A mamografia de rastreamento é realizada para detectar precocemente qualquer lesão mamária, antes mesmo que a paciente ou o médico possam notá-las. Já a diagnóstica é usada para determinar qualquer alteração em relação a exames de rotina ou de rastreamento anteriores. Quando é apenas um exame de rastreamento são obtidas imagens de cada mama em dois ângulos diferentes. A mamografia diagnóstica pode incluir a obtenção de imagens adicionais ou ainda vir acompanhada de outros exames complementares.

No Brasil, excluídos os tumores de pele não melanoma, o câncer de mama é o que mais afeta as mulheres, com taxas mais altas nas regiões Sul e Sudeste. Segundo dados do último relatório anual do Instituto Nacional do Câncer, para cada ano do triênio 2023-2025 foram estimados 73,6 mil casos novos, o que representa uma taxa ajustada de incidência de 41 casos a 100 mil mulheres.

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