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Alexandre Brito

Sharenting: os riscos da exposição dos filhos nas redes sociais

Um estudo revela que, até os cinco anos de idade, uma criança já pode ter sido exposta a mais de mil fotos nas redes sociais

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Em entrevista à BandNews FM Espírito Santo, o psicólogo Alexandre Brito abordou o crescente fenômeno do sharenting, que se refere ao compartilhamento excessivo de informações e fotos de crianças por seus pais nas redes sociais. Brito explicou como essa prática, embora muitas vezes realizada com boas intenções, pode trazer sérios riscos, tanto físicos quanto emocionais, para as crianças envolvidas.

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Segundo o especialista, um estudo recente revelou que, até os cinco anos de idade, uma criança já pode ter sido exposta a mais de mil fotos postadas por seus pais nas redes sociais. Esse excesso de exposição pode gerar problemas de segurança, como o uso indevido das imagens para práticas ilegais. Além disso, o impacto emocional e psicológico dessa superexposição pode ser devastador para a criança.

Sharenting e os riscos psicológicos

Brito destacou que o sharenting pode afetar o desenvolvimento psicológico das crianças, gerando sentimentos de ansiedade e vulnerabilidade. “A criança pode se sentir pressionada a criar conteúdo ou a manter uma imagem pública, o que pode prejudicar sua autoestima e autonomia”, disse o psicólogo.

Além disso, o uso constante das redes sociais pode fazer com que a criança sinta que sua identidade está sendo moldada pelos outros, dificultando o desenvolvimento de uma autoimagem saudável. Essa pressão externa para corresponder às expectativas de seguidores pode causar frustração, ansiedade e até isolamento.

Exposição em perfis fechados ainda oferece riscos

Embora muitos pais acreditem que compartilhar fotos em perfis privados seja mais seguro, Brito alerta que ainda existem riscos significativos. Mesmo em perfis fechados, as imagens podem ser usadas de maneira inadequada. “Além do risco de exploração, a exposição excessiva pode transformar a criança em uma pequena ‘influencer’, o que pode comprometer sua relação com os pais e amigos”, afirmou.

Ele explica que o excesso de compartilhamento pode criar uma dinâmica pouco saudável, onde a relação entre pais e filhos é intermediada pela tecnologia. Isso prejudica a interação direta e pode causar danos à autoestima e à percepção que a criança tem de si mesma.

Como evitar os perigos do sharenting

Para Alexandre Brito, o mais importante é conscientizar os pais sobre os riscos do sharenting e sugerir alternativas mais saudáveis de interação social. Ele recomenda que os pais limitem o uso das redes sociais para compartilhar momentos com os filhos. “É preciso preservar a privacidade da criança, mesmo em perfis fechados. A ideia é usar as redes com responsabilidade”, reforçou.

Outra dica é monitorar o acesso das crianças às redes sociais. Ele aconselha que os pais evitem criar perfis para menores de 12 anos e, caso já o tenham feito, que acompanhem de perto as interações e as postagens. “É fundamental que os pais estejam cientes dos riscos e busquem garantir um ambiente seguro para os filhos, dentro e fora das redes”, concluiu.


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Alexandre Brito

Alexandre Vieira Brito é psicólogo e mestre em Psicologia Institucional pela Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes). Possui especialização em Filosofia e Psicanálise pela Ufes, bem como em Políticas Públicas e Socioeducação pela Universidade de Brasília (UnB). Possui experiência em saúde mental, formação profissional, políticas públicas e socioeducação. Realiza atendimento clínico desde 2010. Também é professor universitário e palestrante, articulando a psicologia em suas interfaces com outros saberes. Colunista da BandNews FM todas as segundas-feiras 17h40, ao vivo, e participa de entrevistas no Estúdio 360 da TV Capixaba para falar de psicologia e comportamento.

Os artigos publicados pelos colunistas são de responsabilidade exclusiva de seus autores e não representam as ideias ou opiniões do ES360.