Mundo Pet
Teste alérgico para cães e gatos: entenda o que é e como é feito
Procedimento, adaptado da medicina humana, promete agilizar diagnóstico e direcionar tratamentos para coceira, otites e dermatites em pets; especialistas explicam vantagens e cuidados

PRICK TEST: teste de alergia em cães e gatos. Foto: Reprodução
Cães e gatos com coceira incessante, otites recorrentes ou lesões de pele podem estar sofrendo de alergias alimentares ou ambientais. Para desvendar essas causas, o PRICK TEST, exame cutâneo rápido e minimamente invasivo, ganha espaço na veterinária. Adaptado de técnicas humanas, o teste promete direcionar tratamentos com mais precisão. Para entender melhor esse procedimento, a matéria irá trazer três especialistas para explicar como ele funciona, quais são as alternativas no mercado e quando vale a pena investir no exame.
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Yumi Sheu, dermatologista veterinária, explica que o PRICK TEST é um exame de triagem que aplica extratos de alérgenos na pele do animal, seguidos de pequenas punturas. “A reação cutânea, como vermelhidão ou inchaço, aparece em 15 a 30 minutos”, diz. O objetivo é detectar sensibilização a proteínas comuns, como frango e carne bovina.
Segundo ela, o teste ajuda a direcionar dietas de exclusão, evitando tentativas demoradas. “É útil para guiar tutores na escolha de alimentos seguros e até na criação de vacinas de imunoterapia”, ressalta. A técnica é minimamente invasiva e pode ser feita em consultório, sem sedação.
No entanto, Sheu alerta para as limitações: resultados falsos podem ocorrer se o animal estiver sob medicação ou com a pele inflamada. “Não substitui a dieta de eliminação, que ainda é o padrão-ouro para confirmar alergias alimentares”, reforça. Além disso, exige um profissional treinado para interpretar as reações corretamente. A especialista também destaca que o PRICK TEST é mais acessível que outros métodos. “Reduz o tempo de investigação e o estresse do pet, mas não é definitivo. É um passo inicial, não a resposta final”, conclui.t
Teste rápido não dispensa desafio alimentar
Laiz Racanelli Cordeiro, alergologista veterinária, lista os quatro tipos de testes disponíveis: intradérmico, PRICK TEST, patch test e sorológico. “Para cães, o PRICK TEST é o mais prático, com leitura em 20 minutos”, afirma. O exame avalia reações a alimentos e ambientais, mas não confirma diagnósticos sozinho.
“Um resultado negativo sugere que o animal não tem alergia, mas o positivo precisa ser confirmado com dieta de desafio”, explica. Ou seja, mesmo com o teste, é preciso reintroduzir o alimento suspeito para observar reações. Laiz ressalta que o pet deve estar estável: “Sem corticoides há 21 dias e sem crises recentes”.
A médica também comenta sobre a imunoterapia, tratamento que usa doses controladas de alérgenos. “Funciona como um ‘treino’ para o organismo parar de reagir, mas é demorado e não garante 100% de eficácia”, detalha. O processo pode levar meses e exige acompanhamento rigoroso. Sobre dietas caseiras, Laiz é enfática: “Não faça isso sem orientação. Erros nutricionais pioram o quadro”. Ela reforça que até rações hipoalergênicas precisam de aval veterinário para evitar mascarar sintomas.
Atopia exige diagnóstico multietapas
Sara Palmejani, médica veterinária, destaca que a atopia (alergia crônica) é complexa e exige testes específicos. “O PRICK TEST é valioso para alergias alimentares, enquanto o intradérmico é padrão-ouro para ambientais”, compara. Ambos, porém, dependem de uma investigação prévia.
Ela critica a automedicação e dietas improvisadas. “Rações hipoalergênicas vendidas sem prescrição podem camuflar o problema e causar deficiências graves”, alerta. Segundo Sara, muitos tutores buscam soluções rápidas, mas o diagnóstico correto exige paciência e exames complementares.
Sobre a imunoterapia, a especialista explica que é indicada para casos graves de alergia a ácaros ou pólen. “Aplicamos doses crescentes do alérgeno para dessensibilizar o pet, mas resultados levam até um ano”, diz. Mesmo assim, ela ressalta que o tratamento reduz sintomas e melhora a qualidade de vida.
Palmejani também enfatiza a importância de monitorar a pele do animal durante todo o processo. “Infecções bacterianas secundárias são comuns em crises alérgicas e precisam de tratamento paralelo”, afirma. Por fim, reforça: “Nenhum teste substitui o acompanhamento veterinário. Alergia é uma jornada, não um destino”.
Quando o PRICK TEST é recomendado?
Os três especialistas concordam: o exame é indicado para pets com sintomas crônicos, como coceira intensa ou otites recorrentes, que já passaram por avaliação inicial. “Ele otimiza a investigação, mas não dá respostas prontas”, resume Laiz. Yumi complementa: “É uma ferramenta valiosa para reduzir o tempo de sofrimento do animal”.
Já Sara finaliza com um recado aos tutores: “Não queiram resolver tudo na primeira consulta. Diagnóstico de alergia é um quebra-cabeça que exige método e parceria com o veterinário”.
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