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Cremação, urnas ecológicas e cerimônias: as opções para despedidas de pets

Urnas biodegradáveis e cerimônias acolhedoras, o mundo pet inova para equilibrar respeito ambiental e cuidado emocional na despedida de pets

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Conheça alternativas confiáveis e afetivos para o luto de tutores de pets. Foto: Ester Tavares

Conheça alternativas confiáveis e afetivos para o luto de tutores de pets. Foto: Ester Tavares

A perda de um animal de estimação é um momento desafiador para a maior parte dos tutores de pets: como nomear o luto por um ser que, para muitos, é família? Entre as dúvidas que surgem nesse período, uma questão ecoa com frequência: “Posso enterrar meu pet comigo?”. A resposta, embora difícil, é categórica: NÃO. No Brasil, a legislação proíbe o sepultamento de animais em covas humanas, e até mesmo o enterro caseiro no quintal é considerado crime ambiental, com penas que variam de multas a quatro anos de prisão, conforme o artigo 54 da Lei de Crimes Ambientais (Lei nº 9.605/98). A proibição não é meramente burocrática: corpos em decomposição podem contaminar solos, lençóis freáticos e transmitir doenças como leptospirose, especialmente em áreas urbanas.

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Diante desse cenário, a veterinária Dra. Yumi Sheu reforça a importância de seguir protocolos seguros. “O descarte deve ser ambientalprincipalmente correto. A cremação é a opção mais respeitosa, principalmente para animais com doenças contagiosas”, explica. O processo começa com a confirmação do óbito, que exige atestado de um médico-veterinário, seja por morte natural ou seja por eutanásia, caso em que um termo de consentimento assinado pelo tutor é obrigatório. Em seguida, é necessário entrar em contato com um crematório autorizado, como o Céu de Patas, no Espírito Santo, que segue rigorosos protocolos sanitários.

O gestor do crematório Céu de Patas, Renê Aride Neto, detalha que a cremação individual, que custa a partir de R$690,00 para animais de até 1kg, é a opção mais procurada. Permite um ritual íntimo, com devolução das cinzas em urna personalizada ou até transformada em jóias memoriais”, diz o gestor. Já a cremação coletiva, que é mais acessível está a partir de 530,00, é escolhida por quem prioriza o custo-benefício, ainda que sem a devolução dos restos. Para tutores que preferem o sepultamento, os cemitérios pets são a única alternativa legal, mas envolvem custos contínuos, como taxas de manutenção, e a exumação obrigatória após dois anos, um processo que, como admite Renê, pode reabrir feridas emocionais.

O transporte do corpo também exige cuidados. Enquanto alguns tutores optam por levar o animal ao crematório, empresas sérias, como o Céu de Patas, oferecem remoção 24 horas com veículos exclusivos e equipes treinadas para preservar a dignidade do pet. “Todos os animais são identificados desde a retirada até a entrega das cinzas, garantindo transparência”, afirma Renê. A documentação exigida inclui nome do tutor e do animal, peso, data do óbito e registro do veterinário (CRMV), com algumas empresas emitindo até certificados de cremação.

Apesar da dor, o mercado funerário pet tem inovado para transformar a despedida em um ritual de afeto. O Céu de Patas, por exemplo, oferece cerimônias em salas acolhedoras, onde famílias podem se despedir em paz. “Criamos um ambiente tranquilo para eternizar as boas memórias”, descreve Renê. Para além do físico, surgem opções como memoriais virtuais, pelúcias com voice pets (gravações da voz do animal), joias com cinzas e até projeções em realidade aumentada — tecnologias que mantêm viva a conexão simbólica. A demanda por sustentabilidade também cresce: urnas biodegradáveis e materiais ecológicos atraem tutores conscientes, enquanto serviços de preservação de DNA acenam para futuras possibilidades científicas.

E quanto ao desejo de repousar eternamente ao lado do pet? Enquanto países como a França permitem cemitérios mistos, o Brasil ainda resiste. “Somos conservadores, mas as tendências globais podem inspirar mudanças daqui a alguns anos”, pondera Renê. Por enquanto, a solução simbólica está nas cinzas: guardadas em casa, enterradas em jardins privados ou dispersas em locais significativos.

A pergunta “Posso enterrar meu pet comigo?” revela, no fundo, um anseio por permanência. Embora a lei impeça o descanso lado a lado, as alternativas legais , desde memoriais tecnológicos até cerimônias cuidadosamente planejadas, provam que o amor não se dissolve com a partida. Como lembra a Dra. Yumi: “O respeito às normas sanitárias protege a comunidade, mas não precisa anular a individualidade do luto”. E Renê complementa: “Cada vez mais, as escolhas refletem o dsejo de manter viva essa história, mesmo que de formas novas e criativas”. No fim, a jornada pós-perda é tanto sobre desapego quanto sobre reinvenção. Seja através de uma urna na estante, uma joia no peito ou uma árvore plantada com cinzas, o que importa é honrar a vida que latejou, miou ou cantou ao nosso lado — sempre dentro da lei, mas jamais distante do coração.

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