Pacto Brutal: respostas sobre o assassinato da atriz Daniella Perez

Documentário conta a historia do assassinato de Daniella Perez, filha da autora Glória Perez. Foto: Divulgação

O documentário Pacto Brutal conta a história do assassinato da atriz Daniella Perez. A série documental, exclusiva da HBO Max, teve sua estreia bem aguardada. Filha da escritora Glória Perez, a atriz foi morta a tesouradas pelo ex-ator Guilherme de Pádua, que interpretava seu par romântico na novela “De Corpo e Alma”, e a ex-esposa e cúmplice Paula Thomaz. O assassinato aconteceu no dia 28 de dezembro de 1992.

A série traz, em cinco episódios depoimentos de amigos, familiares e diversas outras pessoas que acompanharam as investigações, assim como arquivos sobre o crime. O assassinato chocou o Brasil. Na época, o então presidente Fernando Collor de Mello sofreu impeachment no país e quase não se falou sobre, tamanho o choque com o crime.

O corpo de Daniella Perez foi encontrado perfurado com 18 golpes de punhal e abandonado em um matagal na Barra da Tijuca, no Rio de Janeiro. A frieza de Guilherme de Pádua, que chegou a consolar a mãe da atriz antes de ser descoberto, impressionou.

A série documental está sendo bastante comentada e algumas perguntas que podem ter ficado “soltas” foram respondidas. Confira!

Por que o documentário não ouviu o assassino de Daniella Perez?

Os responsáveis pelo crime Guilherme de Pádua e Paula Thomaz foram condenadas na época a 19 anos de prisão e soltos em 1999 após cumprir um terço da pena. Eles não aparecem no documentário e, em entrevista à revista Veja, a diretora Tatian Issa da série explica o motivo. “Durante trinta anos eles falaram o que quiseram para inúmeros veículos, dando versões falsas e essas inverdades foram sendo perpetuadas. Se déssemos espaço para eles, estaríamos fazendo o mesmo que tanto criticamos. Houve um grande circo midiático em torno deste caso”, disse.

O caso foi tratado com grande sensacionalismo pela mídia, isso porque surgiram rumores que a atriz estaria tendo um caso com o acusado pelo crime. Agora, a série quer abordar as inverdades faladas na época.

Por onde andam os acusados pelo crime Guilherme Pádua e Paula Thomaz?

Ambos estão soltos. O casal não está mais junto e se casaram novamente. Guilherme de Pádua se tornou pastor em uma igreja evangélica de Belo Horizonte e no início da pandemia foi visto em uma manifestação em apoio ao Bolsonaro. Atualmente é casado com a maquiadora Juliana Lacerda.

Paula Thomaz alterou seu sobrenome para Nogueira Peixoto e se formou em Direito. Ela também se casou novamente com o advogado Sérgio Rodrigues Peixoto, teve mais uma filha e mora no Rio de Janeiro.

Em janeiro deste ano, ambos foram condenados a pagar uma indenização de R$ 480 mil para a autora Gloria Perez, mãe de Daniella.

Qual foi o fim da novela “De Corpo e Alma”?

A novela das 20h era de grande sucesso. Teve mais de 50 pontos de audiência e foi vendida para diversos países. Após o crime, a novela foi continuada pelos autores Leonor Bassères e Gilberto Braga, pois na primeira semana após o crime, Glória Perez precisou ser afastada.

Após o crime, a novela ficou no ar por pouco mais de dois meses e o último capítulo foi exibido em 5 de março de 1993. As últimas cenas de Daniella Perez foram ao ar em 19 de janeiro de 1993. Depois, depoimentos dos atores e do diretor, Fábio Sabag, foram exibidos no final do capítulo em sua homenagem.

Os autores precisaram justificar o ‘sumiço’ dos personagens, que tiveram finais diferentes. A personagem Yasmin foi para viagem de estudos e não voltou, enquanto Bira desapareceu e ninguém voltou a falar seu nome.

Glória Perez fez questão de abordar a morosidade da Justiça e a inadequação do Código Penal. Com o encerramento, a história nunca mais foi reprisada pela TV Globo, a pedido da autora.

O que diz Glória Perez

No último episódio da série, a autora de novelas Glória Perez faz uma avaliação sobre os assassinos da filha. Para ela, após 30 anos do crime, os acusados continuam exatamente os mesmos. Ela lamentou que Guilherme de Pádua ainda consiga fazer dinheiro com o assassinato. Em 1996, ele escreveu um livro contando sua versão do crime.

Para Glória, Guilherme de Pádua continua um exibicionista. “Pra mim, o grande enganador começa naquele que comete um crime e faz do crime seu capital, seu meio de vida, sendo que não mostra nenhum arrependimento pelo crime cometido. Ele está apenas fazendo a propaganda de que foi escolhido para o milagre de Jesus”, defende.

“Às vezes as pessoas me perguntam: ‘você é contra a ressocialização de presos? Você não acredita que as pessoas mudam?’. Claro que acredito. Mas o primeiro passo para a mudança é o arrependimento. Isso eu já vi. Agora esses dois psicopatas, eu nunca vi. Nos dois assassinos da minha filha, eu nunca vi”, se posicionou Glória.

Depoimento de Guilherme de Pádua à Justiça

Em depoimento à Justiça, Guilherme de Pádua confessou que se aproximou de Daniella por ela ser filha da autora da novela. Ele estava com medo de ter seu papel reduzido na trama e vinha expressando isso a ela. Quando recebeu o roteiro e viu que ficou de fora de dois capítulos, achou que a atriz havia reclamado dele com a mãe. Foi quando armou o assassinato junto da esposa, que tinha ciúmes dele com a atriz.