Snus: sachês de nicotina ilegais ganham espaço no Brasil

Os perigos do snus que ameaça a saúde pública no Brasil. Foto: Adobe Stock

Os sachês de nicotina, conhecidos como snus, têm ganhado popularidade no Brasil, especialmente entre jovens. Originários da Suécia, esses produtos são pequenas bolsas de celulose que contêm nicotina em pó saborizada. Eles são colocados entre o lábio e a gengiva, liberando a substância de forma gradual.

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Apesar de serem proibidos no Brasil, os snus são vendidos abertamente em redes sociais, com anúncios que prometem ajudar a parar de fumar. No entanto, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) não autoriza a comercialização do produto, que entra no país de forma ilegal, muitas vezes via Paraguai.

Apreensão de snus em Mato Grosso do Sul

Recentemente, a Vigilância Sanitária de Mato Grosso do Sul apreendeu 2.260 sachês de snus, cada um com 6,5 mg de nicotina. Para comparação, um cigarro comum contém cerca de 1 mg da substância. O carregamento foi interceptado pelos Correios e aguarda investigação para identificar os responsáveis pela importação ilegal.

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Segundo o gerente da Vigilância Sanitária, os infratores podem ser multados em até R$ 30 mil, além de responder criminalmente. A Polícia Federal também está envolvida na investigação para rastrear a origem da mercadoria.

Riscos à saúde associados ao snus

A nicotina, presente em altas concentrações no snus, é uma substância altamente viciante. Estudos associam seu uso ao aumento do risco de câncer de boca, esôfago, estômago e pâncreas. Além disso, o produto pode causar problemas cardiovasculares e alterações na mucosa bucal, com sinais potencialmente pré-cancerígenos.

Uma revisão publicada no International Journal of Cancer em 2023 destacou a relação entre o uso de snus e o desenvolvimento de tumores. Outro estudo, da Dentistry Journal (2022), mostrou que o produto causa danos mais intensos à boca do que os cigarros eletrônicos.

Snus como alternativa para parar de fumar?

Apesar de ser vendido como uma opção para abandonar o cigarro, especialistas alertam que o snus não é uma solução eficaz. O problema do tabagismo é a nicotina, e o snus mantém o vício. Métodos como adesivos e chicletes de nicotina são alternativas mais seguras, pois liberam a substância de forma gradual.

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O snus não é uma ferramenta de transição. Não é porque não tem fumaça que não é cancerígeno. Ele é um risco à saúde.

Impacto entre jovens e atletas

O uso crescente de snus entre jovens e até mesmo atletas é motivo de alerta. Essa forma de comercializar a nicotina pode parecer mais aceitável, mas os malefícios são comprovados. Um exemplo preocupante é o caso de um jogador inglês visto usando snus durante uma partida.

A nicotina presente no snus pode levar a transtornos de ansiedade, alterações cognitivas e problemas cardiovasculares. Além disso, o produto pode funcionar como uma porta de entrada para o cigarro convencional, especialmente entre quem nunca experimentou produtos derivados do tabaco.

Regulamentação e mercado global

Enquanto no Brasil o snus é proibido, em países como a Suécia e os Estados Unidos, o produto é regulamentado. Nos EUA, a FDA autorizou a venda do snus da marca ZYN, produzido pela Philip Morris, mas apenas para fumantes que desejam reduzir o consumo de cigarros.

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Na Suécia, o snus é amplamente consumido, mas autoridades locais observam um aumento no uso entre mulheres jovens, que historicamente não tinham contato com a nicotina. Dados de saúde do país mostram que o produto está levando novas pessoas à dependência.

Vigilância e desafios no Brasil

A apreensão em Mato Grosso do Sul é um dos primeiros casos registrados no país, mas especialistas acreditam que o snus já circula no mercado brasileiro há algum tempo. A Anvisa e a Polícia Federal trabalham em conjunto para coibir a entrada ilegal do produto.

Enquanto isso, anúncios nas redes sociais continuam a promover o snus como uma alternativa “moderna” ao cigarro, ignorando os riscos à saúde. Para especialistas, a conscientização sobre os perigos do produto é essencial para evitar que mais pessoas se tornem dependentes da nicotina.