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Operação Piànjú: quatro empresários são presos suspeitos de fraude milionária no ES

Operação foi deflagrada para desarticular organização criminosa com atuação interestadual e internacional que movimentou mais de R$ 800 milhões

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Sandes Nautica. Foto: Vinícius Arruda

Sandes Nautica. Foto: Vinícius Arruda

As Polícias Civis do Espírito Santo, São Paulo, Alagoas e Ceará deflagraram na manhã desta terça-feira (15), a Operação Piànjú para desarticular uma organização criminosa com atuação interestadual e internacional que movimentou mais de R$ 800 milhões. Só no Espírito Santo foram cumpridas três prisões contra empresários que atuam na área náutica e de veículos e são os supostos envolvidos no esquema de lavagem de dinheiro. Dentre os presos está Pablo David Eliseo Sandes, proprietário da Sandes Náutica Club. O partal A Gazeta informou que outro empresário preso é Wilson Caoduro. Não há informação sobre os outros dois empresários presos.

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O delegado responsável pela Operação Piànjú, João Paulo Pinto, da área de Furto e Roubos de Veículos, da PC no Espírito Santo detalhou que firmas capixabas receberam cerca de R$ 400 milhões e enviaram a mesma cifra para China e Estados Unidos, totalizando cerca de R$ 800 milhões em movimentações financeiras. A suspeita é que parte dos recursos tenha vindo de licitações de órgãos públicos, além de outras atividades econômicas irregulares.

Ainda segundo o delegado, nesta primeira etapa das investigações conseguiram chegar até companhias de fachada, a maioria com registro no Espírito Santo. “As investigações tiveram início através de um registro de caminhão roubado em nossa delegacia. Quando começamos a investigar os detalhes do caminhão, conseguimos descobrir que este veículo não existia fisicamente. Existia apenas no banco de dados do Detran (Departamento Estadual de Trânsito) e no Registro Nacional de Veículos Automotores (Renavam)”.

A Delegacia de Furtos e Roubo de Veículos aponta que, após dois anos de investigações, foi possível identificar a célula da organização criminosa que atuava no estado, composta por empresários capixabas, além de diversos outros membros. O grupo agia como ‘prestador de serviços’ de lavagem de capitais para outras organizações criminosas.

O delegado explicou que o dinheiro era enviado por determinadas empresas paulistas para empresas laranjas no Espírito Santo. Os recursos eram, então, encaminhados para lojas de veículos e para as náuticas que existiam fisicamente. Esse dinheiro ainda era enviado para outros países como China e Estados Unidos. As investigações continuam para saber se o dinheiro voltava para o Brasil. As empresas pagavam todos os impostos para poder fugir de fiscalizações.

O delegado disse que os empresários presos no estado são os reais proprietários das empresas de fachada. “Elas todas funcionavam com base em identidades falsas, de pessoas que não existem, que só existiam no banco de dados da Polícia Civil. Todas as empresas funcionavam basicamente nas mesmas salas comerciais. E conseguimos comprovar essas movimentação financeira que eles fizeram”.

Dos empresários presos na Operação Piànjú no Espírito Santo nesta terça-feira, três tiveram prisão preventiva decretada. Outro teve prisão temporária de cinco dia. Eles serão ouvidos na Delegacia de Furtos e Roubo de Veículos.

A operação

Cerca de 118 agentes cumpriram 126 mandados judiciais: 18 de prisão preventiva; cinco de prisão temporária; 30 de busca e apreensão; 23 de sequestro de embarcações; 43 de bloqueio de contas bancárias; e dois de suspensão de atividades econômicas.

Entre os bens sequestrados estão 12 imóveis, três veículos de luxo (Porsche, Maserati e Mercedes), 12 motos aquáticas e 11 embarcações.

As ações foram realizadas nas cidades de Vitória, Vila Velha, Serra e Cariacica, no Espírito Santo; na capital paulista, Santos e Jaguariúna, em São Paulo; em Fortaleza, no Ceará; e em Alagoas, em Maceió.

Segundo a Polícia Civil do Espírito Santo, o grupo atuava de forma estruturada com a finalidade de praticar diversos crimes: organização criminosa, lavagem de dinheiro, falsificação de documentos públicos e particulares, inserção de dados falsos em sistemas informatizados, falsidade ideológica, estelionato e falsa comunicação de crime.

Os mandados de prisão foram cumpridos contra os membros da organização responsáveis pela lavagem de capitais, que era realizada com empresas de fachada. As companhias eram criadas a partir de de identidades falsas.

Segundo os investigadores, os ‘clientes’ do grupo, beneficiários da lavagem, tinham os valores remetidos para contas de empresas na China e nos Estados Unidos.

A Polícia apurou que o grupo tinha ligação investigados e denunciados nas Operações Lava Jato, Descarte e Chorume; com empresas que já foram investigadas por atuarem com os famosos doleiros Alberto Youssef e Nelma Kodama; e com uma empresa investigada pelo Ministério Público do Rio, por desvios de mais de R$ 98 milhões em ICMS.