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Ministra Damares interferiu contra aborto de menina de 10 anos, diz jornal

Segundo publicou o jornal Folha de S.Paulo, representantes do ministério e aliados políticos vieram ao Estado para levar a criança a São Paulo, onde ela aguardaria a evolução da gestação para ter o bebê

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Ministra da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos, Damares Alves. Foto: Willian Meira/MMFDH

Ministra da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos, Damares Alves. Foto: Willian Meira/MMFDH

A ministra da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos, Damares Alves, agiu nos bastidores para impedir que a criança de 10 anos, que engravidou após ser estuprada pelo tio na cidade de São Mateus, no Espírito Santo, fosse submetida ao procedimento de aborto.

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De acordo com reportagem exclusiva do Jornal Folha de S.Paulo, o objetivo da ministra era transferir a criança para um hospital em Jacareí, no interior de São Paulo, onde aguardaria a evolução da gestação para ter o bebê.

A reportagem revela ainda que dois assessores do Ministério e aliados políticos foram enviados à São Mateus para tentar convencer conselheiros tutelares a retardar a interrupção da gravidez, oferecendo benfeitorias em troca. Entre elas, um Jeep Renegade, veículo que custa a partir de R$ 70 mil, e equipamentos de infraestrutura, como ar-condicionado, computadores, refrigeradores, smart TVs e outros.

Fotos obtidas pelo jornal confirmam também que a própria ministra chegou a participar de pelo menos uma reunião, por meio de videochamada, com os responsáveis pelo caso.

Deputado acompanhou representantes do Ministério

O deputado estadual Lorenzo Pazolini (Republicanos), que depois anunciou sua candidatura à prefeitura de Vitória, acompanhou os representantes da ministra Damares ao município de São Mateus. A presença do parlamentar chegou a ser compartilhada no Twitter da ministra.

Em nota, Pazolini, que é presidente da Comissão de Proteção à Criança e ao Adolescente da Assembleia Legislativa do Estado, diz que esteve em São Mateus para acompanhar pessoalmente o caso para somar forças e garantir que todos os direitos de desenvolvimento da criança fossem cumpridos.

O deputado também afirmou que o Ministério Público Estadual certificou não existir nenhuma suspeita quanto a sua participação do no suposto vazamento de dados da menina.

À BandNews FM Espírito Santo, Pazolini declarou que foi, sim, até São Mateus, mas “não houve encontro com a criança, não visitei nenhum familiar nem soube o nome dela”. Ele ainda pontuou que a gravidez da menina foi um “caso gravíssimo”, e que seu papel constitucional, como deputado, era garantir sua segurança.

“Minha obrigação legal e constitucional é amparar a vítima, estar ao lado dessa criança. E foi o que eu fiz. Fui a cidade de São Mateus, mas não me encontrei com a criança, não estive com nenhum familiar nem sabia o nome dela. Fui até lá para garantir e efetivar direitos, junto às autoridades. Existe um documento oficial dizendo que não há qualquer apuração ao nosso nome, muito pelo contrário”, ressaltou.

Representantes do Ministério vazaram o nome da menina

Após a divulgação do caso, a identidade da menina foi divulgada nas redes sociais pela ativista Sara Giromini, ex-funcionária da pasta comandada por Damares. A exposição é vedada pelo Estatuto da Criança e do Adolescente.

À Folha de S.Paulo, pessoas envolvidas no processo afirmam que os representantes da ministra seriam os responsáveis pelo vazamento à ativista.

O Ministério nega interferência e esclarece que a equipe foi enviada ao município para dar suporte na condução do caso.