Dia a dia
Estresse faz aumentar suicídio entre policiais no Espírito Santo
Além do estresse, desgaste físico e baixa remuneração também contribuem para o problema
O estresse diário causado pela rotina de trabalho tem sido um dos principais fatores do aumento no número de suicídios entre policiais militares no Espírito Santo. De acordo com a Associação dos Cabos e Soldados da Polícia Militar e Bombeiro Militar do Espírito Santo (ACS-ES), só esse ano, foram registrados três suicídios e uma tentativa de suicídio.
> Quer receber as principais notícias do ES360 no WhatsApp? Clique aqui e entre na nossa comunidade!
No mesmo período do ano passado, foram dois casos contabilizados pela entidade. A ACS-ES diz que os números podem ser maiores, já que não existe uma divulgação oficial das ocorrências.
Para oferecer apoio psicológico, a ACS-ES criou um núcleo de atendimento para os militares. Desde sua criação, em 2020, já foram mais de 2,2 mil atendimentos de policiais com algum tipo de doença mental que procuraram ajuda.
Só este ano, estão sendo atendidos pela entidade uma média de 30 policiais por mês. De acordo com a assistente social da entidade, Luana Torres, é cada vez maior a procura.
Só nos últimos quatro dias, por exemplo, ela recebeu pedido de ajuda de 10 militares. A morte recente de dois PMs no último domingo em Cariacica mexeu com o psicológico também da categoria.
“Temos relatos aqui de um entristecimento acentuado em praticamente um batalhão inteiro. A morte de um irmão de farda em confronto afeta em massa todo mundo e deixa os militares altamente abalados”, contou.
Mas de acordo com a assistência social, não é somente o estresse da profissão que muita vezes leva o policial a cometer o suicídio ou a desenvolver algum problema emocional. A soma de fatores como desgaste físico e baixos salários também contribuem para esse problema na corporação.
“Em 2019, por exemplo, fizemos uma pesquisa com 550 policiais militares e 120 bombeiros que mostrou que 70% sofrem com a pressão do trabalho e passaram por algum desconforto psicológico. Então, se não tiver um trabalho preventivo, bem estruturado, o adoecimento acontece em massa”, alertou.
Prevenção
O presidente e coordenador da Comissão Permanente de Atenção à Saúde dos Profissionais de Segurança Pública, Defesa Social e Justiça no Espírito Santo (COPAS), Pedro Luiz Ferro, explicou que foram investidos R$ 1,1 milhão em quatro projetos para evitar o suicídio entre policiais.
Entre eles, o que realiza capacitação de multiplicadores que vão atuar dentro das forças de segurança. Além disso, são feitos debates, seminários e campanhas de prevenção nas corporações para evitar esse tipo de ocorrência entre os militares.
Ferro reforça que as causas que levam ao suicídio não estão exclusivamente ligadas à questão salarial. “Percebemos outros tipos de problemas que culminam na questão da saúde mental, como colesterol alto, obesidade, pressão alta e falta de atividade física. Detectamos também problema de sono, falta de descanso e lazer. E isso acontece do menor ao maior salário”, explicou.
