Dia a dia
Em áudios vazados, Mauro Cid diz ter sido coagido pela PF
Ex-ajudante de ordens do ex-presidente Jair Bolsonaro afirmou ter sido coagido a fazer a delação premiada
Em áudio vazado, Mauro Cid, ex-ajudante de ordens do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), contou ter sido coagido por integrantes da Polícia Federal (PF) em depoimento sobre o inquérito que investiga uma suposta tentativa de golpe de Estado no Brasil. A informação é da revista Veja.
> Quer receber as principais notícias do ES360 no WhatsApp? Clique aqui e entre na nossa comunidade!
Nos áudios, Cid direciona críticas ao ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), responsável por conduzir os processos em curso na Corte relacionados aos eventos de 8 de janeiro de 2023, quando apoiadores de Bolsonaro invadiram e vandalizaram os edifícios dos Poderes Judiciário, Legislativo e Executivo em Brasília. O juiz também está encarregado dos controversos inquéritos sobre milícias digitais e disseminação de notícias falsas.
“Eles [investigadores] queriam que eu falasse coisa que eu não sei, que não aconteceu”, afirma Cid em uma das gravações. Segundo a Veja, os áudios são de uma conversa do ex-ajudante de ordens de Bolsonaro com um amigo. O diálogo teria sido captado na última semana, após o sétimo depoimento de Mauro Cid, que durou cerca de nove horas.
Ainda de acordo com Cid, os investigadores já tem uma narrativa pronta sobre o caso. “Eles estão com a narrativa pronta. Eles não queriam saber a verdade, eles queriam só que eu confirmasse a narrativa deles. Entendeu? É isso que eles queriam”.
Além disso, o tenente-coronel afirma ainda que ele próprio foi o maior prejudicado com as investigações. “Quem mais se f… fui eu! Quem mais perdeu coisa fui eu […]. Ninguém perdeu carreira, ninguém perdeu vida financeira como eu perdi. Todo mundo já era quatro estrelas, já tinha atingido o topo, né? O presidente teve Pix de milhões, ficou milionário, né?”, completa.
Defesa
Em comunicado, a defesa de Mauro Cid não negou a autenticidade dos áudios e disse que as falas “não passam de um desabafo em que relata o difícil momento e a angústia pessoal, familiar e profissional pelos quais está passando, advindos da investigação e dos efeitos que ela produz perante a sociedade, familiares e colegas de farda”.
A defesa ainda nega que o militar tenha criticado a atuação de autoridades nas investigações sobre ele, ou que as falas possam ter algum impacto sobre o acordo de delação premiada fechada entre o tenente-coronel e a Polícia Federal.
“Mauro César Barbosa Cid em nenhum momento coloca em xeque a independência, funcionalidade e honestidade da Polícia Federal, da Procuradoria-Geral da República ou do Supremo Tribunal Federal na condução dos inquéritos em que é investigado e colaborador, aliás, seus defensores não subscrevem o conteúdo de seus áudios”, diz a nota da defesa.
Novo depoimento
Após o vazamento dos áudios, o ministro Alexandre de Moraes marcou um novo depoimento do tenente-coronel Mauro Cid nesta sexta-feira (22). O depoimento ocorrerá na sala de audiências do STF e será presidido pelo desembargador Airton Vieira, juiz instrutor do gabinete de Moraes. Na sala, devem estar presentes apenas o depoente, sua defesa e um representante da Procuradoria-Geral da República (PGR).
*Com informações Veja e Agência Brasil.
Valorizamos sua opinião! Queremos tornar nosso portal ainda melhor para você. Por favor, dedique alguns minutos para responder à nossa pesquisa de satisfação. Sua opinião é importante. Clique aqui