Dia a dia
Caso Araceli completa 50 anos e mistério sobre a morte continua
O caso se tornou um símbolo de luta contra a violência infantil e a impunidade; o nome da menina é lembrado em campanhas de conscientização e mobilizações
O dia do desaparecimento de Araceli Cabrera Crespo completa 50 anos nesta quinta-feira (18). Araceli Cabrera Crespo tinha 8 anos quando foi raptada, drogada, estuprada, morta e carbonizada, no Espírito Santo, em 1973. Desde então, o caso se tornou um símbolo de luta contra a violência infantil e a impunidade. Seu nome é lembrado em campanhas de conscientização e mobilizações que buscam garantir a proteção dos direitos das crianças e o combate a qualquer forma de abuso.
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O crime que chocou o Brasil pela crueldade e também pela falta de punição aos culpados se tornou tema do livro “O caso Araceli: mistérios, abusos e impunidade”. A obra é assinada pelos jornalistas Felipe Quintino e Katilaine Chagas. Os escritores estudaram o caso durante dois anos e analisaram vários documentos. Eles relatam fatos inéditos, as estratégias das defesas, entrevista com parentes da vítima, além de muitas outras informações sobre o crime que estão no processo judicial – com 33 volumes e mais de 12 mil páginas – no qual eles tiveram acesso.
No dia 18 de maio de 1973, uma sexta-feira, Araceli saiu de casa, no bairro de Fátima, na Serra, e seguiu para a Escola São Pedro, na Praia do Suá, em Vitória. Por conta do horário do ônibus que a levaria de volta para casa, a mãe, Lola Cabrera Crespo, pediu para que Araceli saísse da escola mais cedo. Ao sair da escola, ela foi vista por um adolescente em um bar entre o cruzamento das avenidas Ferreira Coelho e César Hilal, em Vitória, que fica a poucos minutos da escola onde a menina estudava.
Dias após o desaparecimento, em 24 de maio, o corpo de uma criança foi encontrado desfigurado e em avançado estado de decomposição em uma mata atrás do Hospital Infantil, em Vitória. “Não se sabe até hoje, onde ela foi morta ou como aconteceu esta morte. Tem a causa da morte, que foi asfixia e uso de substância que induz sonolência. No entanto, não se tem muito certa a dinâmica do crime. Isso é um mistério até hoje. Quando o corpo foi encontrado, ela já estava sem roupa, não havia material escolar, nenhum pertence dela, por isso a polícia infere que a morte aconteceu em outro lugar”, relata Katilaine.
Diante dos fatos apresentados pela denúncia do promotor Wolmar Bermudes, a Justiça chegou a três principais suspeitos: Dante de Barros Michelini (o Dantinho), Dante de Brito Michelini (pai de Dantinho) e Paulo Constanteen Helal.
Em 1980, o juiz responsável pelo caso, Hilton Silly, definiu a sentença: Paulo Helal e Dantinho deveriam cumprir 18 anos de reclusão e o pagamento de uma multa de 18 mil cruzeiros. Dante Michelini foi condenado a 5 anos de reclusão.
Os acusados recorreram da decisão e o caso voltou a ser investigado. O Tribunal de Justiça do Espírito Santo anulou a sentença, e o processo passou para o juiz Paulo Copolilo, que gastou cinco anos para estudar o processo. Por fim, ele escreveu uma sentença de mais de 700 páginas que absolvia os acusados por falta de provas.
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