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Dia a dia

Caçadores de tesouros encontram joias e até documentos nas praias do ES

Em um domingo, entre 6h e 18h, Elias encontrou 20g de ouro em uma de suas caçadas. Essa descoberta é apenas uma das muitas que ele fez ao longo dos anos

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Elias Junior caçador de tesouro com detector de metal nas praias do Espírito Santo, prática conhecida como detectorismo

Elias Junior é um apaixonado pelo detectorismo. Foto: Arquivo Pessoal

Elias Junior, 43 anos, é sommelier e, nas horas vagas, “caçador de tesouros”. Ele investe tempo nos finais de semana em rastrear objetos valiosos nas praias de Vitória. A prática do detectorismo se tornou uma paixão há décadas, assim como o colecionismo. Além de joias em ouro e prata, o sommelier já encontrou, em um único dia, 20 carteiras de motoristas soterradas nas areias do Espírito Santo.

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Em um domingo, entre 6h e 18h, Elias encontrou 20g de ouro em uma de suas caçadas. Essa descoberta é apenas uma das muitas que ele fez ao longo dos anos, enquanto explorava as praias com seu detector de metais. Nos finais de semana, às 5h40, ele já começa a percorrer a orla, começando pela Guarderia e indo até o final da orla de Camburi, na altura da Vale.

A PAIXÃO PELA CAÇADA DE INFÂNCIA

A paixão de Elias por caçar tesouros começou na infância, quando passava férias em Sabará (MG), onde nasceu. “Moro no Espírito Santo há 40 anos. Meus pais vieram trabalhar na CST Vale do Rio Doce e nos mudamos para cá”, conta Elias. Ele é colecionador de moedas há três décadas, e sua fascinação pelo tesouro começou quando soube da descoberta de lingotes de ouro com brasão do Império em Sabará. Isso o levou a comprar seu primeiro detector de metais em 2007, iniciando suas buscas nas praias, onde encontrou de tudo: cordões, moedas, cartões, óculos, alianças e até dentaduras.

Moedas de bronze do Brasil de 1860 a 1890

Moedas de bronze do Brasil de 1860 a 1890 encontradas em Nova Almeida, na Serra. Foto: Arquivo Pessoal

Em 2010, Elias investiu em um detector mais moderno. Em uma caçada na região de Queimados, na Serra, ele encontrou várias moedas de bronze do Império do Brasil. Outro achado notável foi em Carapebus, onde descobriu cápsulas de bala em um casarão que pertenceu a nazistas nos anos 40 e 50. Na praia de Camburi, Elias encontrou uma aliança com nome, sobrenome e data de casamento gravados, e conseguiu devolver à dona, que a havia perdido há 10 anos, emocionando-a com o objeto encontrado.

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Apesar de não ser uma atividade lucrativa, a caça ao tesouro tem seu valor. “Os equipamentos variam entre R$ 1,5 mil e R$ 20 mil. Profissionais usam detectores para caçadas mais profundas, que podem detectar até 1 metro de profundidade. Existem detectores que permitem mergulhar e detectar até 20 metros de profundidade”, explica Elias. Ele costuma realizar suas buscas apenas nos finais de semana, devido ao seu trabalho durante a semana.

DETECTORISMO ALIADO DO MEIO AMBIENTE

A prática de Elias vai além da busca por objetos de valor. “Sempre retiramos o lixo das praias, como lacres, tampas e cacos de vidro, contribuindo para o meio ambiente”, ele explica. Para ele, a caça ao tesouro é um esporte e uma forma de lazer que lhe permite refletir e encontrar objetos com histórias únicas. “Cada objeto encontrado tem uma história. Já encontrei alianças que simbolizavam términos de relacionamentos, e acabo dando uma nova história a esses objetos”, pontua Elias.

Elias compartilha suas aventuras em grupos de WhatsApp e vê o detectorismo como uma paixão semelhante ao colecionismo. “Participo de 10 grupos e, ao comprar uma peça, quero conhecer sua história. Interpretando o passado, podemos ter um bom futuro”, comenta.

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Em suas andanças, Elias encontrou objetos curiosos, como carrinhos Hot Wheels esquecidos na areia, carteiras de motorista e até facas e isqueiros, especialmente após eventos movimentados como o Réveillon. “Após o Réveillon, no dia 1º de janeiro, às 5h40, já estou na praia de Camburi. Nesse período, encontro de tudo. É a melhor época para encontrar objetos”, relata.

A vida de um detectorista é solitária, mas ocasionalmente Elias faz caçadas em dupla. “Este ano, fiz uma caçada com uma menina do Rio de Janeiro. Ela tinha um detector profissional e caçamos juntos, entrando na água até a cintura”, conta.

CAÇADAS NO EXTERIOR

Elias já morou em Livorno, na Itália, onde encontrou moedas do Império Bizantino, e também fez caçadas na França e em Portugal, onde o uso de detectores é proibido. “O detectorismo é uma paixão. Cada objeto encontrado traz uma nova história e, através dessas histórias, conectamos o passado ao presente”, conclui Elias Junior, continuando sua busca por tesouros escondidos nas praias do Espírito Santo.


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