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‘A Favorita’, ‘Tieta’ e outros clássicos da TV entram no streaming

Mais de 50 novelas estão em processo de restauração para entrar no acervo do Globoplay

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Flora é interpretada por Patricia Pillar (à esquerda) e Donatela por Cláudia Raia. Foto: Divulgação

De olho no público saudosista – e confinado em casa por conta no novo coronavírus –, o Globoplay estreia um projeto em que torna disponível, a cada duas semanas, sempre às segundas-feiras, acompanhar um clássico da Globo. O primeiro será A Favorita, que entra no catálogo do serviço a partir desta segunda (25). Segundo a empresa, cerca de 50 títulos, já reexibidos no Vale a Pena Ver de Novo e no canal Viva ou nunca reprisados, estão em processo de resgate, sendo que 21 deles foram liberados para publicação.

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Outras cinco estreias já estão confirmadas: Tieta, Explode Coração, Estrela-Guia, Vale Tudo e Laços de Família. Mas a lista, ampla, traz outras tramas, ainda sem data de publicação, como Dancin’ Days, Pai Herói, Guerra dos Sexos, Vereda Tropical, A Gata Comeu, Roque Santeiro, Sinhá Moça, Brega e Chique, Sassaricando e Bebê a Bordo.

Um marco na TV

Não é exagero dizer que A Favorita, exibida entre 2008 e início de 2009, na Globo, foi um marco na teledramaturgia brasileira. Escrita para o horário nobre por João Emanuel Carneiro – que, anos depois, faria outro clássico, Avenida Brasil –, A Favorita quebrou paradigmas do folhetim tradicional. A começar pelas protagonistas, que foram construídas sem maniqueísmos. Quando foi ao ar, não se sabia – pelo menos não até a metade da novela – quem era a mocinha e quem era a vilã da história: se Flora (Patrícia Pillar) ou Donatela (Claudia Raia). As atrizes trabalhavam constantemente com a ambiguidade de suas personagens. Ora parecia que Flora era a mocinha, ora Donatela; ora uma dava todos os indícios de que era a vilã, ora, a outra.

E assim o telespectador foi sendo levado, sem certezas quaisquer, até a grande revelação, que ocorreu no meio do caminho da novela, mais precisamente no capítulo 60: Flora era a verdadeira vilã. Mais uma ousadia de João Emanuel: trazer a reviravolta na metade da trama, e não no final, como habitualmente ocorre em um folhetim.

Amor e ódio

A Favorita fala do amor entre duas irmãs de criação, que foram parceiras na dupla sertaneja Faísca e Espoleta e fizeram sucesso com a canção Beijinho Doce. Mas o amor virou ódio, por causa da inveja, do ressentimento, da rivalidade por parte de Flora. E um assassinato levou Flora a ficar 18 anos na prisão. Patrícia e Claudia contam que só elas, João Emanuel e o diretor Ricardo Waddington sabiam do ‘segredo’ das protagonistas.

Daí o desafio para as atrizes. “Tentei construir um personagem que fosse possível, factível, verossímil nas duas possibilidades o tempo todo. Então, minha tentativa era que, em cada cena, Flora pudesse ser vista: ela está atuando e ela está falando a verdade. Foi o que tentei para não dar bandeira em nenhum momento. E que, quando todo mundo soubesse, que é o caso de agora, as pessoas conseguissem ver que tinha essa outra pessoa morando ali dentro”, afirma Patrícia.

Segundo Claudia, o grande desafio estava justamente na coerência das personagens. “Essa Dotanela, que era uma mulher bruta, rude, que tinha controle absoluto de tudo, parecia que ela era mesmo uma vilã, mas tudo isso tinha de ser, na verdade, entendido quando a carapuça caísse”, diz. “Todo mundo enxergasse quem era quem, e que houvesse uma coerência: por que ela fez tudo isso?; por que ela tinha um ódio que não cabia dentro dela por Flora? Foi um trabalho de muitas camadas, de muita conversa, de muita direção, para que a gente chegasse a esse resultado”, completa a atriz.

Estadão Conteúdo