IBEF Academy
Você não vai trabalhar quatro horas por semana!
Por Matheus Camargo
Não há nada mais desejado no Brasil do que uma fantasiosa “estabilidade”. Já se deu conta de que passou a vida toda sendo incentivado a buscar segurança acima de tudo? Quantos pais não ensinam aos filhos que ser aprovado em um concurso público para ter estabilidade é o auge da vida?
> Quer receber as principais notícias do ES360 no WhatsApp? Clique aqui e entre na nossa comunidade!
Hiperinflação, múltiplas trocas de moeda, insegurança jurídica. Nossa herança histórica explica esse desejo exagerado por segurança. O problema é que essa realidade limita nosso horizonte de consciência, priva-nos de enxergar várias possibilidades. Quantas famílias que você conhece foram prósperas e construíram uma holding familiar? Provavelmente nenhuma. Ao contrário, o que geralmente conhecemos são famílias com histórico de dilapidação patrimonial.
Como estamos inseridos nessa dinâmica desde a juventude, adquirimos a ideia de que é melhor garantirmos um “emprego estável” do que arriscarmos no incerto, e a consequência disso é que não aprendemos que o trabalho faz parte da própria vida, mas sim que ele é um fim em si mesmo, ou seja, que devemos encarar as nossas jornadas, chegar em casa, “desligar a chave”, gastar todo o nosso tempo na internet feito cordeirinhos e repetir o ciclo.
Ocorre, porém, que a única segurança da vida é que ela é intrinsecamente insegura. É ilusão achar que a aleatoriedade é algo ruim, e que sua “eliminação” é algo bom. Veja: um autônomo, ainda que tenha uma renda extremamente variável, é bem mais robusto diante de eventos inesperados do que um assalariado, que pode ter a sua renda zerada depois de uma simples ligação do RH. Para os assalariados, os riscos são ocultos.
Sendo assim, buscar a força sempre será superior a buscar a segurança, e sobre isso me refiro ao desenvolvimento dos diversos campos da vida humana: moral, psíquico, espiritual, físico etc. A frustração é filha da fraqueza, e o único modo de não vivermos feito coitadinhos, buscando segurança a qualquer custo, é sermos úteis às outras pessoas, o que só é possível quando nos tornamos fortes. “Nós somos vela – temos de queimar no altar para iluminar a vida dos outros” (Ítalo Marsili).
Diante disso, ter somente uma fonte de renda é uma irresponsabilidade! E não me refiro à ilusão do tal: “trabalhe quatro horas por semana”. Veja: quem lê esse livro do Timothy Ferris pensando em, de fato, trabalhar quatro horas por semana, provavelmente nunca o fará, afinal a única coisa capaz de gerar riqueza é o trabalho depois do trabalho! E isso te custará muito mais que quatro horas por semana! Quem é capaz de trabalhar depois do trabalho consegue ser útil e resolver problemas, consegue aprender o que ninguém sabe, consegue entregar resultados. Isso é ser forte!
A maior habilidade que existe é saber vender. E nós sempre teremos algo a vender. Olhe para as suas circunstâncias, para aquilo que você domina: “Yo soy yo y mi circunstancia, y si no la salvo a ella no me salvo yo” (José Ortega y Gasset). Quem sabe que tem algo de valor para entregar ao mundo não fica por aí aos quatro cantos dando conselhos de graça. Portanto, venda aquilo que você domina.
Por fim, livre-se agora mesmo do perfeccionismo. Isso é sinônimo de covardia e não de qualidade. Ideias não têm valor algum. Não adianta dizer que tem uma ideia mirabolante, a ideia do “novo Uber”. Se ela fosse boa de verdade, você já a teria executado. Deixe imperar o fail fast, afinal você não sabe como o mercado reagirá ao que você tem a oferecer. Pare de reclamar e empreenda! “Caminante, no hay caminho: el caminho se hace al andar” (Antônio Machado).
Sobre o autor
Matheus Camargo é defensor da liberdade, empreendedor e investidor até o último dia de vida. Entusiasta do mercado financeiro e da tecnologia blockchain. Membro do IBEF Academy. Possui experiência de 5 anos como Oficial do Exército Brasileiro.
Valorizamos sua opinião! Queremos tornar nosso portal ainda melhor para você. Por favor, dedique alguns minutos para responder à nossa pesquisa de satisfação. Sua opinião é importante. Clique aqui
Os artigos publicados pelos colunistas são de responsabilidade exclusiva de seus autores e não representam as ideias ou opiniões do ES360.