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Coluna Vitor Vogas

Audifax ganha apoio de outra sigla e aponta possível candidato a vice

Solidariedade chega para reforçar o palanque eletrônico do ex-prefeito, e presidente estadual do partido afirma ter sido convidado por Audifax para ser seu candidato a vice-governador

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Da esquerda para a direita: Luiz Antônio Adriano da Silva (SD), Audifax Barcelos (Rede) e Douglas Pinheiro (SD)

O ex-prefeito da Serra Audifax Barcelos, pré-candidato a governador do Estado pela Rede Sustentabilidade, ganhou, na última terça-feira, o apoio de outro partido em sua empreitada eleitoral: o Solidariedade (SD) chega para se juntar à Rede (federada com o Psol) na coligação liderada por Audifax. E o presidente estadual do SD, o bolsonarista Douglas Pinheiro, desponta como possível candidato a vice-governador ao lado do redista.

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A adesão do Solidariedade ao projeto de Audifax foi anunciada durante o evento de inauguração da nova sede do Diretório Estadual do partido, no Centro de Vila Velha, com a presença do secretário-geral da sigla no país, Luiz Antônio Adriano da Silva, o Luizão. O apoio, assim, foi ratificado pela direção nacional do SD.

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Segundo Douglas Pinheiro, na oportunidade, Audifax lhe fez publicamente o convite para ser seu candidato a vice. Segundo a assessoria de Audifax, o ex-prefeito confirma que essa possibilidade existe, mas ressalta que o processo para construção do vice ainda está em construção. Ainda de acordo com a assessoria de Audifax, o ex-prefeito não fez propriamente um convite público a Pinheiros. O dirigente do SD tem outra versão:

“Audifax me convidou publicamente para ser candidato a vice-governador dele”, relata Pinheiro. “Ele me fez essa surpresa lá. Isso não foi pedido por mim nem proposto pelo Solidariedade. Agradeci a ele, de público. O propósito do Solidariedade é estar junto com o Audifax para ganhar o governo estadual. Tenho interesse, sim, em ser vice. Ainda vou manifestar o meu aceite”, completa o dirigente.

Ele explica por que o Solidariedade decidiu aderir à pré-candidatura de Audifax na corrida ao Palácio Anchieta:

“Fomos procurados por vários candidatos ao governo. E tomamos essa decisão pensando, em primeiro lugar, no cansaço que sentem os capixabas com o revezamento dos grupos de Paulo Hartung e de Casagrande no poder. Também levamos em conta a gestão aprovada de Audifax na Serra. Eu sou de Vila Velha. E em Vila Velha, nos últimos anos, a qualidade de gestão vem decrescendo. Nas questões de desenvolvimento, mobilidade urbana, atração de negócios, oportunidades, Audifax foi aprovado na Serra. Enquanto isso, o Espírito Santo já estava estagnado antes da pandemia. E não teve ações concretas para responder no pós-pandemia.”

Tempo de TV para Audifax

O Solidariedade é um partido de pequeno porte, mas sua chegada à coligação de Audifax proporciona ao pré-candidato alguns segundos preciosos na propaganda eleitoral gratuita (e, no caso do ex-prefeito, cada segundo conta). O próprio redista tem dito em entrevistas que o tempo de TV e rádio será um ativo essencial para o êxito de sua campanha, haja vista a necessidade de ele se tornar mais conhecido para além dos limites da Serra, sobretudo no interior do Estado.

O tempo correspondente a cada candidato ao governo no horário eleitoral é dividido, principalmente, em função do tamanho da bancada na Câmara Federal dos partidos que formam as respectivas coligações. Em 2018, Rede e Psol, somados, elegeram 11 deputados federais (sendo só um pela Rede); hoje, eles totalizam dez (sendo dois da Rede).

Já o Solidariedade, sozinho, elegeu 12 federais em 2018 e, após a última janela partidária (fechada em 1º de abril), mantém nove. Assim, com a chegada do Solidariedade ao time de Audifax, a conta praticamente dobra. Douglas Pinheiro estima que o partido garantirá ao redista cerca de 30 segundos extras em cada bloco de 10 minutos do horário eleitoral gratuito.

Partido com Lula; dirigente com Bolsonaro

Até pela longa folha de serviços prestados ao governo Bolsonaro (melhor detalhada abaixo), Pinheiro se declara eleitor do atual presidente da República. Mas, como ele mesmo reconhece, a tendência é que o Solidariedade apoie o ex-presidente Lula na disputa ao Palácio do Planalto.

Quanto a Audifax, o redista não tem tomado partido na eleição presidencial. Na verdade, pragmaticamente, já afirmou à coluna que vai apoiar o candidato à Presidência que lhe retribuir o apoio na eleição ao governo do Estado. E, evitando a bola dividida, também disse que se considera acima de divisões ideológicas, enxergando-se em parte como um político de centro, em parte como de direita, em parte como de esquerda…

Solidariedade no ES

No Espírito Santo, o Solidariedade também pode ser considerado um partido de porte modesto, mas tem densidade respeitável nas regiões Noroeste e Sul. Atualmente, a agremiação comanda três prefeituras: Baixo Guandu, Boa Esperança e Alegre. E ainda tem dois vice-prefeitos, em Nova Venécia e Castelo, além de cerca de 30 vereadores por todo o Espírito Santo. Pinheiro admite a necessidade de tornar o partido mais forte na Grande Vitória, onde tem pouco espaço.

A chegada à presidência

O atual presidente estadual do SD assumiu o cargo meio “no susto”, perto do fim do prazo para a filiação dos aspirantes a algum mandato eletivo no pleito de outubro (no último dia 2 de abril). Em 30 de março, o então presidente estadual, Messias Donato, trocou a sigla pelo Republicanos, onde será candidato a deputado federal – num dos muitos casos de dirigentes partidários que, sem hesitar, abandonaram os partidos que eles mesmos comandavam, em busca de melhor acomodação eleitoral.

Àquela altura, Pinheiro era secretário-geral do SD no Estado. Com a deserção de Donato, foi alçado à presidência.

Chapas proporcionais

Pinheiro afirma que o SD terá chapa de candidatos a deputado federal e estadual no Espírito Santo. Na de federais, as principais apostas do partido como puxadores de voto são o ex-deputado estadual Gilsinho Lopes, o vice-prefeito de Castelo Renato Côgo e o coronel da reserva da Polícia Militar do Espírito Santo (PMES) Laércio Oliveira – exonerado do cargo de comandante-geral da tropa no início da greve da PMES em fevereiro de 2017.

Já a chapa de estaduais conta com o vereador de Vitória Luiz Paulo Amorim, o vereador de Colatina Olmir Castiglioni, o vice-prefeito de Nova Venécia, Dr. Paulo, entre outros.

Minicurrículo

Douglas Pinheiro tem 34 anos. Atualmente, o potencial candidato a vice-governador de Audifax trabalha em uma empresa na área de comunicação visual, enquanto cursa Gestão Pública na Unicesumar, faculdade particular do Paraná que oferece cursos a distância para alunos do Brasil inteiro. Apesar da relativa pouca idade, já tem uma extensa ficha funcional na administração pública.

Começou nos anos 2000, como assessor do então deputado estadual Euclério Sampaio (União Brasil), hoje prefeito de Cariacica. Em seguida, filiou-se ao PSB e, na administração de Neucimar Fraga em Vila Velha (2009-2012), foi gerente de Projetos Habitacionais. Ainda em Vila Velha, com o prefeito Rodney Miranda (2013-2016), foi assessor especial de Educação. Filiou-se ao SD e, em 2015, assumiu a chefia do gabinete de Raquel Lessa, no primeiro ano dos dois mandatos da deputada na Assembleia Legislativa.

No início de 2017, durante o governo Temer (MDB) – presidente apoiado pelo SD –, Pinheiro tornou-se coordenador da assessoria parlamentar do Ministério da Agricultura. No fim de 2018, fez parte da equipe de transição de Bolsonaro, após a vitória deste na eleição presidencial.

No começo do governo Bolsonaro, tornou-se coordenador de Políticas Públicas de Juventude no Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos (o da agora ex-ministra Damares Alves). Em seguida, virou chefe de gabinete da Secretaria Nacional dos Direitos da Criança e do Adolescente, na mesma pasta. Ficou no cargo até 2020, quando retornou para Vila Velha.

Também chegou a participar de comitês de crise diretamente ligados à Presidência da República, durante três episódios dramáticos: o rompimento da barragem em Brumadinho, em Minas Gerais, o incêndio no alojamento do centro de treinamento do Flamengo, no Rio, e o massacre em uma escola de Suzano, no interior de São Paulo.

As informações foram repassadas pelo próprio Douglas Pinheiro.

Vitor Vogas

Nascido no Rio de Janeiro e criado no Espírito Santo, Vitor Vogas tem 39 anos. Formado em Comunicação Social pela Ufes (2007), dedicou toda a sua carreira ao jornalismo político e já cobriu várias eleições. Trabalhou na Rede Gazeta de 2008 a 2011 e de 2014 a 2021, como repórter e colunista da editoria de Política do jornal A Gazeta, além de participações como comentarista na rádio CBN Vitória. Desde março de 2022, atua nos veículos da Rede Capixaba: a TV Capixaba, a Rádio BandNews FM e o Portal ES360. E-mail do colunista: [email protected]

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