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Coluna Vitor Vogas

Os motivos da neutralidade e o futuro de Audifax Barcelos

Ex-prefeito classifica Weverson e Muribeca como “dois desconhecidos”, à frente de projetos muito diferentes do seu para a Serra. “Os dois são risco”

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Audifax (ao centro) durante coletiva de imprensa em que anunciou neutralidadeApós não ter conseguido passar do 1º turno, o ex-prefeito Audifax Barcelos (PP) declarou neutralidade no 2º turno da eleição para a Prefeitura da Serra, entre Weverson Meireles (PDT), candidato do prefeito Sergio Vidigal (PDT), e Pablo Muribeca (Republicanos).

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O anúncio foi feito por Audifax, na sede estadual do PP, na tarde desta quinta-feira (10). No 1º turno, Weverson chegou em primeiro lugar, com 39,5% dos votos válidos. Pablo Muribeca ficou em segundo, com 25,2%. Audifax chegou em terceiro, com 23,9%. A segunda votação ocorrerá no dia 27 de outubro.

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Ao justificar sua decisão, o ex-prefeito a definiu como uma questão de coerência, até porque avalia Weverson e Muribeca como “dois desconhecidos”, representantes de dois projetos muito diferentes do que ele mesmo apresentou para a Serra.

Para Audifax, tanto o candidato do PDT como o do Republicanos representam “riscos” para a cidade, na medida em que não se mostram à altura dos desafios administrativos que a Serra enfrentará nos próximos anos, notadamente com a perda de arrecadação municipal a ser gerada pela reforma tributária aprovada no Congresso Nacional – boa para o país, uma vez que impulsionará a atividade econômica, mas ruim para municípios como a Serra, que arrecadam muito com o ISS.

“A cidade corre riscos”, resumiu Audifax. “Os dois projetos são projetos de risco para a cidade, não dão segurança para a Serra.”

Ele listou os fatores que o levaram a optar pela neutralidade no 2º turno:

“Considerando a história dos dois candidatos que vão disputar a Prefeitura da Serra, que, para mim, são duas histórias desconhecidas, considerando que a minha candidatura é completamente diferente dos dois projetos colocados, na forma de disputar a eleição, na forma de gestão pública, na forma de enxergar a sociedade, do ponto de vista da visão política, da visão para o futuro da cidade… Diante disso tudo, desse cenário, de tudo o que coloquei, eu, juntamente com o meu partido, nós não ficaremos com nenhum dos dois candidatos. Desejo ao vencedor que cumpra as promessas de campanha”.

Como já analisamos aqui, ao decidir não apoiar ninguém no 2º turno, Audifax também assume um risco: o do completo suicídio político: seja quem for o vencedor da eleição no dia 27, ele e seu grupo ficarão longe do poder na Serra, pelo menos, até 2028. E Audifax ficará sem mandato eletivo, no mínimo, até 2026, ano da próxima eleição estadual. Serão seis anos na planície, desde que encerrou sua última administração na Serra, no fim de 2020.

Sem negar esse fato, Audifax fez questão de enfatizar que a sobrevivência política, ou questões eleitorais, não foram os critérios preponderantes em sua decisão:

“Tem outros princípios que precisam ser levados em conta, tem valores que precisam ser levados em conta. Não é somente a questão eleitoral”, disse o ex-prefeito. “Minha vida nunca foi baseada somente em questões eleitorais. Nem as minhas decisões”.

Audifax afirmou que disputou a eleição “de forma muito limpa, de forma muito correta, com muita lisura”. De fato, sua campanha de modo geral foi mais limpa que as dos adversários – até porque ele estava na ponta e assim se manteve até a véspera da votação. Ele admitiu ter sido surpreendido com o resultado após a abertura das urnas. O ex-prefeito, que até o sábado liderava todas as pesquisas, acabou chegando em terceiro, cerca de 3 mil votos atrás de Muribeca.

“Foi uma surpresa. O sentimento de rua era muito positivo. No dia da eleição, as coisas mudaram”, lamentou Audifax.

O ex-prefeito afirmou que, da noite do último domingo até esta quinta-feira, foi procurado por representantes das campanhas tanto de Weverson como de Muribeca, interessados em um diálogo com ele a respeito de possível aliança no 2º turno.

Fontes das respectivas campanhas têm versões diferentes. Na de Muribeca, a voz corrente é a de que a figura de Audifax ao seu lado poderia mais prejudicá-lo que ajudá-lo, uma vez que iria de encontro ao discurso da “verdadeira mudança” mantido pelo candidato desde o início do processo eleitoral. No QG do deputado, também se comenta que parte da militância e dos candidatos a vereador de Audifax o apoiará naturalmente, sem a necessidade da presença do ex-prefeito.

Já na campanha de Weverson, a versão é a de que o candidato não teria por que buscar o apoio de Audifax, uma vez que grande parte do eleitorado do ex-prefeito, sobretudo o de maior escolaridade, migrará naturalmente para ele, por rejeição a Muribeca e à imagem do deputado. Também ali se ouve que tem havido adesão espontânea a Weverson por parte de candidatos a vereador da coligação de Audifax e até da coligação de Muribeca, eleitos ou derrotados.

O futuro de Audifax

Na entrevista coletiva, Audifax evitou se alongar em considerações sobre o que planeja agora para si mesmo em termos profissionais, políticos e eleitorais. Não falou em nova candidatura, mas tampouco disse que isso está fora dos seus planos.

Economista e servidor concursado da Prefeitura de Vitória, lotado na Secretaria Municipal de Gestão e Planejamento, Audifax pode retornas às suas funções. Ele disse ter sido avisado, nesta quinta-feira mesmo, que já tem tempo de contribuição suficiente para requerer a aposentadoria. São mais de 40 anos dedicados ao serviço público, 20 deles disputando e exercendo cargos eletivos.

Uma possibilidade: equipe de Pazolini

Ninguém ficará surpreso se Audifax for aproveitado em um cargo no alto escalão da equipe do prefeito de Vitória, Lorenzo Pazolini (Republicanos), apoiado pelo PP, em seu próximo governo, a partir de janeiro…

Além da experiência política e administrativa, ele reúne muito conhecimento técnico. Sem falar que o PP, fundamental no triunfo de Pazolini no 1º turno, terá com certeza mais espaço no próximo secretariado.

O saldo eleitoral do PP: ruim? Não! Mas poderia ter sido bem melhor…

O deputado federal Josias da Vitória deu a coletiva de imprensa ao lado de Audifax e fez questão de ressaltar, mais de uma vez: a decisão pela neutralidade partiu do ex-prefeito, é endossada pelo Progressistas (PP) e inteiramente acompanhada pelo partido e por ele próprio.

Não à toa, a entrevista foi concedida justamente na sede do PP no Espírito Santo, em uma sala comercial do Edifício Palácio do Café, na Enseada do Suá. Inicialmente, a coletiva havia sido marcada para quarta-feira (9) em um endereço pessoal de Audifax; depois foi transferida para a sede do PP, nesta quinta (10), ganhando caráter mais partidário e institucional.

Da Vitória fez uma avaliação muito positiva do desempenho eleitoral do PP nestas eleições municipais no Espírito Santo. Há algumas controvérsias quanto a isso.

Não é que o resultado geral tenha sido ruim, mas, no conjunto da obra, poderia ter sido bem melhor do que foi e, na certa, ficou aquém das pretensões e metas traçadas por Da Vitória e companhia.

Em número de prefeituras, o PP ocupará 12 no Espírito Santo. Nesse ranking, fica atrás apenas do PSB (21 ou 22, dependendo do desfecho de Presidente Kennedy, cuja eleição está sub judice). O partido de Da Vitória manteve a de Aracruz e chegou à de Cachoeiro de Itapemirim, quinta cidade mais populosa do Espírito Santo e a mais populosa do interior.

Por outro lado, o partido não chegará a governar 500 mil habitantes no Espírito Santo. E mais: se por um lado ganhou em duas cidades importantes e fez a vice-prefeita de Vitória (Cris Samorini), por outro o partido perdeu, direta ou indiretamente, em outras cidades consideradas prioritárias.

Em Colatina, cidade de Da Vitória, o partido apoiou a reeleição de Guerino Balestrassi (MDB), derrotado por Renzo Vasconcelos (PSD). Foi uma derrota pessoal para o deputado, na sua casa.

Em Guarapari, o deputado estadual Zé Preto, filiado por Da Vitória ao PP, passou a maior parte da corrida como favorito absoluto para chegar à prefeitura. No domingo, perdeu por pequena margem para o vereador Rodrigo Borges, do Republicanos.

E é lógico: a maior decepção, proporcional às expectativas de vitória, foi a derrota de Audifax na Serra, sem ter nem sequer chegado ao 2º turno. Até o presidente nacional do PP, Ciro Nogueira, esteve pessoalmente no evento de lançamento da campanha. Ficar fora do 2º turno, definitivamente, não estava no script do PP.


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