fbpx

Coluna Vitor Vogas

Como foi o evento decisivo da campanha de Muribeca, estrelando Pazolini

O desabafo público de Pazolini e as comparações com Muribeca; uma insinuação maldosa num discurso; a defesa de Casagrande feita por Marcelo Santos; a conexão Vitória-Serra com Cris Samorini e Aridelmo; as falas ideológicas e religiosas

Publicado

em

A campanha de Pablo Muribeca (Republicanos) promoveu na noite dessa terça-feira (22), no Centro Comunitário de Laranjeiras, um evento decisivo para mobilizar a militância a cinco dias do 2º turno da votação, no próximo domingo (27). O palanque ficou cheio de aliados políticos de Muribeca, mas a estrela mais aguardada, literalmente – pois chegou mais perto do fim – foi o prefeito de Vitória, Lorenzo Pazolini (Republicanos).

> Quer receber as principais notícias do ES360 no WhatsApp? Clique aqui e entre na nossa comunidade!

Último a falar antes de Muribeca, Pazolini fez um discurso entusiasmado, num tom de desabafo que não se viu nele em nenhum momento da própria campanha em Vitória. Sob aplausos, o prefeito fez uma fala forte contra “poderosos que se uniram” contra ele para derrotá-lo, associando a própria história recente com a expectativa de virada de Muribeca, atrás de Weverson Meireles (PDT) nas últimas pesquisas eleitorais.

Receba as notícias da coluna no grupo de Whatsapp do Vítor Vogas.

O prefeito de Vitória resgatou a experiência ao lado de Muribeca numa carreata na noite de segunda-feira (21) no bairro Nova Carapina, comparando a “energia” sentida então com a da sua eleição em 2020 e a da sua reeleição no dia 6 de outubro:

“E aquela energia que nós vivemos ali ontem foi a mesma energia que nós vivemos há quatro anos atrás e há vinte dias atrás na cidade de Vitória. E, no último momento, todos aqueles poderosos que se levantam agora contra você se levantaram na capital do estado do Espírito Santo, com falácias, com inverdades, com mentiras, com desconstrução, com narrativas falsas… Mas existe Deus! E existe o povo que não é bobo nesta Terra! E é neles que nós acreditamos! São neles que estão depositadas nossas convicções! […] Saio daqui com a certeza absoluta de que aquilo que nós vivemos três semanas atrás você viverá no próximo domingo, para devolver a Serra aos serranos!”, discursou Pazolini, em tom de voz elevado.

O prefeito de Vitória foi apresentado à plateia por Erick Musso, presidente estadual do Republicanos e mestre de cerimônias do evento, como “a maior liderança política da atualidade”. “Ao longo de sua vida, protegeu a família, as crianças, e botou muito pedófilo vagabundo atrás das grades”, introduziu Erick, evocando os tempos em que o prefeito chefiava a Delegacia de Proteção à Criança e ao Adolescente.

Fazendo uma analogia da própria trajetória com a de Muribeca, Pazolini lembrou que, quando eleito prefeito em 2020, tinha pouca experiência na política (menos de dois anos de mandatos na Assembleia, enquanto Muribeca tem menos de quatro somando Câmara da Serra e Assembleia). Por essa razão, relatou, também foi desacreditado por muitos.

“Muita gente dizia que Pazolini ia levar Vitória para o caminho errado, que Lorenzo Pazolini não tinha condição de fazer a gestão da prefeitura da capital do Espírito Santo. E nós ouvimos isso calados, mas com o sentimento no coração de que o povo merecia mais. […] Diziam que Pazolini não daria conta do recado. E a resposta que nós demos foi com trabalho, foi com a união, foi com a fé em Deus!”

Levando o discurso para um lado mais emocional (e ligeiramente populista), o prefeito de Vitória contou que fez um pedido ao correligionário quando ele lançou a candidatura na Serra:

“Quando Pablo lançou o projeto dele, o único pedido que fiz: ame o seu povo incondicionalmente, entregue a sua vida para cuidar das pessoas e, se for preciso, cuide 24 horas por dia, sete dias por semana”.

Pazolini ainda fez uma revelação curiosa, rememorando os tempos de infância. A senhora Penha Feu Rosa, viúva do prefeito da Serra João Miguel Feu Rosa, estava lá e também manifestou apoio a Muribeca. O prefeito de Vitória contou que, quando garoto, seus avós eram vizinhos do casal Feu Rosa, em Jacaraípe, e ele costumava aprontar muito no quintal dos dois.

Além de Pazolini, de Erick Musso e da viúva de Feu Rosa, o evento de Muribeca reuniu o presidente da Assembleia Legislativa, Marcelo Santos (União Brasil); os deputados federais do Republicanos Amaro Neto e Messias Donato; o deputado estadual Alcântaro Filho (Republicanos); a vice-prefeita eleita de Pazolini, Cris Samorini (PP); o ex-secretário de Governo de Vitória Aridelmo Teixeira (Novo); e o prefeito eleito de Guarapari, Rodrigo Borges (Republicanos).

O telão exibia a mensagem “Paz na Serra” e, simbolicamente, quase todos no palco e na plateia vestiam branco.

Muribeca: “Choro com Erick”

Falando logo após Pazolini, no arremate do evento, Pablo Muribeca elogiou o trabalho do prefeito de Vitória e aliado. Falou em integração e parcerias com Vitória, se eleito. E repetiu um número dado por ele no debate CBN/A Gazeta de segunda-feira (21):

“Temos aqui do lado uma cidade vizinha que deu certo. Vitória tem a melhor saúde do Brasil, atende 10 mil moradores da Serra, porque Vitória está sendo acolhedora com a cidade da Serra”.

Sobre o “pedido” feito a ele por Pazolini, o candidato respondeu: “Pode ter certeza de que eu durmo e acordo pensando em gente”.

Repetindo a estratégia do debate, Muribeca tratou Weverson como um forasteiro, como um cidadão de Vitória que aterrissou na Serra só para disputar a prefeitura e que foi moldado para essa eleição.

“Vocês entregariam a casa de vocês para um estranho tomar conta? […] O concorrente foi formado nessa eleição. Na eleição passada, ele estava disputando em outro local. Nossa cidade não pode ser uma repartição para abrigar todos os outros candidatos que não deram certo em outra cidade.”

Reverberando o discurso de Pazolini, Muribeca disse que eles estão “contra os poderosos que estão tentando de todas as formas manter o poder na Serra”.

Weverson é o candidato apoiado pelo prefeito Sergio Vidigal (PDT) e pelo governador Renato Casagrande (PSB), como ele mesmo frisa a todo instante. O jingle do pedetista repete que “o Vidigal é 12, o Casagrande é 12”, enquanto o próprio Weverson repete que “a Serra não pode ter um prefeito brigado com o governador” (como o é, por exemplo, Pazolini).

Em desabafo, Muribeca contou ao auditório que está “juntando as pedras” e que termina muitos dias de campanha chorando com Erick Musso ao telefone. “É muita perseguição, ataques infundados, ataques contra a minha esposa…”

Insinuação maldosa contra Weverson

Cabe registrar que o candidato do Republicanos deixou no ar uma insinuação maldosa contra Weverson, pondo em dúvida a orientação sexual do adversário: “Só não respeita esposa quem não tem esposa… ou quem não gosta de ter esposa…”

Não foi a primeira vez que Muribeca apelou para esse recurso. No debate CBN/A Gazeta, ele já havia feito o mesmo, só que de forma mais sutil, quando os dois discutiam o apoio de Pazolini a ele na Serra: “Tá com ciúmes da minha amizade e da minha parceria com o prefeito de Vitória?”

Marcelo atesta republicanismo de Casagrande

Outra fala que se destacou foi a de Marcelo Santos. Aliado histórico de Renato Casagrande, o presidente da Assembleia fez uma defesa enfática do republicanismo do governador. Fez isso não para bajular Casagrande, mas para rebater o discurso adversário de que, se Muribeca for eleito, a Serra vai perder o bom relacionamento mantido atualmente com o Governo Estadual.

“Como chefe de Poder, estou dizendo que isso é uma mentira, e é mentiroso quem está dizendo isso. Estive há pouco com Edu [do Restaurante, prefeito eleito pelo PL em Domingos Martins]. Ele se elegeu contra um candidato que tinha o apoio de Casagrande e de Paulo Hartung. E garanto: vai ser recebido pelo governador, que vai dar apoio a ele”, afirmou Marcelo.

“Conheço Renato Casagrande há muito tempo. Participei de todos os projetos políticos dele. Já o apoiei quando meu partido não estava com ele. Renato Casagrande não é governador do partido dele nem daqueles que estão no projeto político dele na eleição municipal. Ele é governador de todos!”

Pastora/vice e deputados: religião e “ideologia de gênero”

O tema do evento pode até ter sido “Paz na Serra”, mas alguns pronunciamentos, carregados de enfrentamento religioso e ideológico, não contribuíram muito para isso. O destaque nesse aspecto ficou por conta da Pastora Magda (Republicanos), candidata a vice-prefeita de Muribeca. A religiosa desferiu alguns golpes abaixo da linha de cintura de Weverson:

“Não posso dizer ‘Deus, protege meu filho’ e votar em alguém que quer liberar a maconha. Não posso dizer ‘Deus, protege as minhas crianças’ e votar em alguém que defende ‘ideologia de gênero’. Nosso voto tem que estar coadunado com a nossa fé”, pregou ela, em indireta para Weverson, após mandar um “Glória a Deus”, citar um versículo do profeta Jeremias e dizer que “tem coisa que a gente só vence com jejum e oração”. Depois, pediu à “nação evangélica” para orar.

Também evangélico, o deputado Alcântaro Filho afirmou que Weverson “riscou do programa de governo dele as pautas contra as nossas crianças, de ideologia de gênero” e que também teria riscado seu endereço em Vitória de documentos. “Se ele riscou [isso], não vai riscar todos os outros compromissos se for eleito?”

O deputado arriscou algumas analogias bíblicas. Comparou Muribeca a Davi, “que também era pequeno” (mas derrotou Golias e virou o rei dos judeus). Também o comparou a Moisés: “Moisés é representado por Pablo Muribeca, e o povo que será liberto por ele está aqui nesta noite”. Em outro momento, afirmou que “o povo levará Pablo Muribeca para a Terra Prometida”

Parêntese: Muribeca é um Davi, aliás um Moisés, que libertará o povo escravizado (os judeus no Egito), mas é ele, esse mesmo Moisés, quem será levado por seu povo para a Terra Prometida… Se você achou confuso, não está sozinho.

Deputado e pastor evangélico, Messias Donato afirmou que “o que está ligado na terra está ligado nos céus”.

Pessoa fabricada”

Aliados também reforçaram a estratégia de contrapor Muribeca, “filho natural da Serra”, a Weverson, “produto exportado e fabricado para a eleição”.

“Esses que estão aí governaram, tiveram a chance deles. Por que a gente não dá uma chance para quem é do povo, para quem é filho da Serra?”, questionou Amaro Neto.

Alcântaro definiu Weverson como “uma pessoa fabricada para estar neste momento, para proteger um projeto de poder”, que sempre esteve “entre quatro paredes” e “não conhece o sofrimento do povo”. “Pablo defende os valores e princípios que nós defendemos e que o povo defende.”

O deputado afirmou que, no debate CBN/A Gazeta, Weverson não respondeu à pergunta insistente de Muribeca: “Candidato, afinal de contas, você é da Serra ou é de Vitória?” Respondendo pelo adversário, Alcântaro afirmou que o pedetista “morava em Tabuazeiro [bairro de Vitória] até bem pouco tempo”.


Valorizamos sua opinião! Queremos tornar nosso portal ainda melhor para você. Por favor, dedique alguns minutos para responder à nossa pesquisa de satisfação. Sua opinião é importante. Clique aqui