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Coluna João Gualberto

Eleições de 2024 na Serra

Há sinais de novos embates na Serra. Resta o povo esperar para saber o que cada um irá usar para vencer a eleição

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Sérgio Vidigal, Audifax Barcelos e Pablo Muribeca. Foto: Reprodução

São quatro os municípios que têm eleições em dois turnos no Espírito Santo. Portanto, são os colégios eleitorais mais importantes daqui. Na Grande Vitória forja-se boa parte das nossas elites políticas regionais. Nenhum dos governadores eleitos desde os anos 1940 teve qualquer mandato executivo no interior do Estado. São, sobretudo, produtos políticos dessa região. Importante, então, entender melhor o que se passa aqui.

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Abordei nos meus textos anteriores alguns elementos dos processos sucessórios em dois deles, Vitória e Cariacica. Hoje, tocarei no que deve ocorrer no município de Serra. O ciclo de gestões bem-sucedidas no município, foi iniciado em 1996 por Sérgio Vidigal. Ele teve duas eleições contínuas e em 2004 elegeu, por boa margem de votos, seu secretário de educação Audifax Barcelos, então, pouco conhecido. De fato, ganhou três eleições consecutivas. Audifax também fez boa gestão em seu primeiro mandato, tanto que venceu mais duas eleições. Vidigal já está no quarto mandato. Os dois somam juntos 26 anos consecutivos de poder. É o recorde capixaba. Provavelmente a dupla mais longeva de nossa política, e mesmo do quadro brasileiro de sucessões municipais.

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Nas eleições desse ano, provavelmente, o atual prefeito será candidato à reeleição. É natural que seja. É o que tenho visto anunciado no noticiário político. Ao que parece, Audifax vai tentar reeditar a velha disputa de quase três décadas. Entretanto, seu desempenho nas eleições estaduais de 2020 acabaram por produzir um certo desgaste em seu capital político. Por outro lado, a equação de Audifax tem outra incógnita: sua inflexão à direita. Afinal, ainda não sabemos como o seu eleitorado vai entender o apoio que deu a Carlos Manato no segundo turno das eleições passadas. Manato foi candidato da direita bolsonarista, como bem sabemos. Esse é um fator novo.

Por essas razões, não me parece evidente que a velha polarização venha a acontecer. Até porque, um novo ator vem ganhando impulso no processo, o deputado Pablo Muribeca. Ele tem pautado sua ação política pela lógica denuncista comum na direita. Essa lógica apelativa é muito potente para as redes sociais. Dá a ele, inclusive, um ar de ser mais de direita do que Audifax. Pode ocupar o lugar da polarização afetiva de que tenho tratado em meus textos. Mais ideológica, mais pautada em valores conservadores. Essa, que lida com razões que, às vezes, estão fora da política. Parece ter seduzido parte desse público mais reacionário. O bolsonarismo talvez encontre nele seu candidato.

Tudo vai depender da adesão que ele venha obter. Parte dos políticos da nova direita em nosso estado já parece estar atenta a esse fato. Mas eleição não é coisa para amadores, como tem registrado o próprio prefeito. A longa experiência de eleições de Vidigal terá seu peso, assim como as alianças que vem construindo ao longo de tempo. Vamos ver com quais armas Vidigal comparecerá ao campo de batalhas.

Há, portanto, sinais de um novo embate. Só esse elemento já porta em si algo de novo na Serra. Os próximos lances vão definir melhor o que virá.


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João Gualberto

João Gualberto é professor Emérito da Universidade Federal do Espírito Santo e Pós-Doutor em Gestão e Cultura (UFBA). Também foi Secretário de Cultura do Espírito Santo de 2014 a 2018. João Gualberto nasceu em Cachoeiro do Itapemirim e mora em Vitória, no Espírito Santo. Como pesquisador e professor, o trabalho diário de João é a análise do “Caso Brasileiro”. Principalmente do ponto de vista da cultura, da antropologia e da política.

Os artigos publicados pelos colunistas são de responsabilidade exclusiva de seus autores e não representam as ideias ou opiniões do ES360.