Coluna Inovação
A alterindustrialização do Espírito Santo
Está na pauta nacional uma retomada industrial como preconizada pela CNI ou uma neoindustrialização como pregada por artigo de jornal do Presidente e do Vice-Presidente da República. Os dois têm pontos em comum, principalmente a ideia que não vale uma reindustrialização nos moldes anteriores, mas abordar descarbonização, transformação digital, o complexo da saúde, o agronegócio e a indústria de defesa. Nesses itens cabem as palavras-chaves que se superpõem eventualmente: bioeconomia, economia verde, energias limpas, transição energética, semicondutores, economia circular, mercado de carbono e complexidade industrial.
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Sem entrar no detalhe meritório de todas as abordagens, podemos tentar colocar um olhar estadual para essa neoindustrialização e ver como ela pode se refletir por aqui.
O Espírito Santo tem algumas vantagens comparativas dadas pela natureza como o petróleo onshore e offshore, as rochas ornamentais e a localização geográfica. Tem outras vantagens desenvolvidas por iniciativas políticas ou empresariais, como as grandes empresas de mineração, aço, celulose e suas cadeias, o agronegócio, onde desponta o café, os portos, as florestas de eucaliptos e a indústria moveleira. E tem indústrias atraídas por incentivos fiscais, principalmente para a região da Sudene, que podem ter a ver com insumos locais como café solúvel ou pela localização estratégica a meio caminho da região nordeste, como parecem ser os casos de uma WEG ou Marcopolo.
A realidade é que nem todas as indicações da neoindustrialização cabem com força no Estado. Não teremos setores fortes das indústrias de saúde e defesa, nem fábricas de semicondutores ou de computadores.
Temos desdobramentos industriais provocados pela descarbonização das grandes empresas com aço verde na Arcelor e briquete verde na Vale, temos fornecedores de estruturas para energia solar com Brametal e Perfil e poderemos ter alguma coisa na energia eólica, se deslancharem os projetos offshore, e com isso até entrar no negócio do hidrogênio verde. A Suzano é uma força poderosa para a bioeconomia, a partir das florestas biotecnológicas plantadas de eucalipto que alimentam também a indústria moveleira. Biotecnologia que, aliás, pode sempre salvar as culturas de café e mamão.
Por outro lado, podemos ter o desenvolvimento de cadeias industriais importantes a partir do que já está por aqui. A volta da Samarco a todo vapor, a instalação de um laminador de tiras a frio pela Arcelor atrairá indústrias de linha branca, a Volare/Marcopolo pode continuar desenvolvendo uma cadeia automotiva, os incentivos podem continuar a atrair indústrias – enquanto a reforma tributária permitir -, o petróleo onshore promete crescimento para empregos e fornecedores, o offshore injeta royalties na veia da economia, o Jurong pode crescer na indústria naval e novos portos podem atrair empresas que precisam dessa infraestrutura.
Vamos continuar brigando pela maior oferta e barateamento do gás que alimenta toda a indústria, vamos apoiar a indústria de confecções que emprega muita gente, vamos desenvolver uma indústria digital de deeptechs e software, vamos continuar com uma espetacular rede de fornecedores de serviços industriais que montam indústrias sofisticadas pelo país todo e vamos tornando as nossas indústrias cada vez mais verdes.
Melhor ter o nosso caminho alternativo, a nossa alterindustrialização, que é um pouco neo, um pouco re, um pouco old, mas é um caminho próprio, realista e promissor para o estado.
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