Coluna Inovação
Horizontes da inovação: ambidestria em três braços?
A ideia é que as empresas aloquem recursos nos três horizontes para garantir competitividade ao longo do tempo
Em 1999, a McKinsey criou um modelo de inovação denominado Três Horizontes para explicar como as empresas devem investir em produtos atuais, inovações incrementais e inovações revolucionárias, hoje muito chamadas de disruptivas. O conceito se difundiu muito e é bastante utilizado por grandes empresas, se referindo resumidamente a H1, H2 e H3. O modelo descreveu a inovação ocorrendo em três horizontes temporais, basicamente curto, médio e longo prazo. As ideias do Horizonte 1 proporcionam inovação contínua ao modelo de negócio existente e às capacidades essenciais de uma empresa a curto prazo. As ideias do Horizonte 2 estendem o modelo de negócio existente e as capacidades essenciais de uma empresa a novos clientes, mercados ou produtos adjacentes. O Horizonte 3 é a criação de novos negócios para aproveitar oportunidades disruptivas.
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A ideia é que as empresas aloquem recursos nos três horizontes para garantir competitividade ao longo do tempo, em um movimento de ambidestria, isto é, pensando ao mesmo tempo no presente e no futuro. Aliás, essa tentativa de atribuir características antropomórficas aos processos de gestão fica distorcida, pois falamos de três horizontes. O fato de termos apenas dois braços deixa a figura descompensada.
De qualquer forma, Steve Blank, grande guru do universo das startups, registrou um problema em associar os horizontes ao tempo (https://hbr.org/2019/02/mckinseys-three-horizons-model-defined-innovation-for-years-heres-why-it-no-longer-applies). Como o artigo original da McKinsey foi escrito antes do exponencial boom digital, ele associa o H3 com longo prazo e não é o que vemos acontecer muitas vezes com modelos de negócios disruptivos que destroem rapidamente negócios de empresas bem estabelecidas, como aconteceu com Blackberry e Nokia depois do iPhone. Ou que mudam a maneira de fazer negócio em setores inteiros como Uber, Airbnb ou Netflix. É costume considerar que inovações disruptivas do Horizonte 3 levam anos para serem desenvolvidas, mas nem sempre isso acontece, pelo menos no mundo digital, para onde tudo se move. Hoje, as ideias disruptivas do Horizonte 3 podem ser entregues tão rapidamente como as ideias para o Horizonte 1 na linha de produtos existente. Porém, é mais difícil que inovações do H3 surjam nas grandes empresas que têm um legado a administrar. Startups estão livres para inventar, testar e pivotar e não têm os controles exigidos pelas grandes. Além de tudo estão focados em uma coisa só.
Daí a importância de processos de inovação aberta das grandes, como o caso de sucesso do FindesLab, iniciando seu quinto ciclo de Empreendedorismo Inovador, administrando desafios das grandes ArcelorMittal, Vale, Suzano, Unimed, EDP, Samarco e Cesan. Se não encomendam o H3, pelo menos perdem menos tempo no H1 e H2, com ajuda externa. Tremendo avanço. Mas essa história de ambidestria com três posições para inovação fica torta.
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