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Coluna Inovação

Enquanto a Inteligência Artificial geral não chega

A possível blasfêmia futurista guarda semelhança com o esperado momento da Inteligência artificial geral, onde as máquinas superariam os humanos

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Enquanto a Inteligência artificial geral não chega. Foto: Freepik

Enquanto a Inteligência artificial geral não chega. Foto: Freepik

No conto “Resposta” de 1954 , de Fredric Brown, autor norte-americano de ficção, cientistas finalmente conectam todos os computadores da totalidade dos planetas habitados do universo a um supercomputador capaz de combinar o conhecimento integral de todas as galáxias. Em seguida, um cientista formula ao computador uma pergunta que nenhuma outra máquina tinha sido capaz de responder até então: Deus existe? Ao que o computador responde sem hesitação: Sim, agora existe. Apavorado, o cientista tenta desligar a chave, mas é fulminado por um raio caído de um céu sem nuvens.

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A possível blasfêmia futurista guarda semelhança com o esperado momento da Inteligência artificial geral (AGI), onde as máquinas superariam os humanos com consequências imprevisíveis.

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Enquanto esse momento distópico não acontece, vamos nos surpreendendo todos os dias com o avanço alucinante do conhecimento acumulado dessa IA ainda limitada. Aí cabe a pergunta: como interagir com uma máquina que domina todas as informações? Se tentarmos conversar com uma pessoa que sabe muito mais que nós em algum tema específico, temos dificuldade de perguntar alguma coisa, por nos faltar conhecimento suficiente ou mesmo vocabulário adequado ao jargão do setor. Com essa limitação, não aproveitamos a conversa, não acrescentamos nada ao interlocutor e não contribuímos para um avanço no conhecimento.

Escrever ou falar um prompt onde se aproveite as respostas para gerar ideias criativas exigirá vocabulário amplo e repertório de conhecimento do assunto ou a IA responderá banalidades ou muito além da nossa capacidade de interpretar a resposta. E como construir esse vocabulário e esse repertório?

Não há como fugir do óbvio: educação de qualidade, muita leitura, muito conhecimento técnico, lifetime learning, conhecimento científico, domínio profundo dos temas que se pretende interagir com as máquinas. Há quem pense que isso valoriza profissionais mais velhos e experientes.

O que acontecerá (em alguns casos já acontecendo) quando uma inteligência não-humana se tornar melhor que o humano médio em contar histórias, compor melodias, desenhar imagens, projetar edifícios, tratar doentes e produzir filmes?

Profissionais de qualquer setor ou especialistas em qualquer coisa precisarão ter conhecimento amplo específico para aproveitar ao máximo as respostas ou é melhor empregar a máquina sozinha e deixá-la imaginar as perguntas e as respostas. Muita gente só conseguirá interagir com IA com prompts limitados do tipo: me responda como um aluno da 5ª série.

Serão novos tempos desafiadores para o conhecimento ou é melhor providenciar logo o seu para-raio.


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Evandro Milet

Evandro Milet é consultor, palestrante e articulista sobre tendências e estratégias para negócios inovadores. Possui Mestrado em Informática(PUC/RJ) e MBA em Administração(FGV/RJ). É Conselheiro de Administração certificado pelo IBGC e Conselheiro do CQC Inovação do Ibef/ES. Tem extensa experiência profissional, no Espírito Santo, Rio de Janeiro e Brasília, como empresário, executivo de empresas públicas e privadas, conselheiro de administração e consultor nas áreas de TI, inovação, qualidade, gestão, estratégia, empreendedorismo e meio ambiente, além de ser mentor e investidor em startups. Participa do programa EStúdio 360 Inovação na TV Capixaba e no programa Inovação na Band News FM. Co-autor do livro Vencedores pela editora Qualitymark. É atualmente Presidente do Cdmec- Centro Capixaba de Desenvolvimento Metalmecânico.

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