Coluna André Andrès
O vinho da estação: seis rosés para abrir a primavera
Vinho com uma longa história, o rosé é refrescante, saboroso, e perfeito para se tomar na estação mais florida do ano
O vinho rosé foi feito para a primavera e a primavera foi feito para o vinho rosé. E eu posso provar. Cada qual, à sua maneira, são uma transição, ficam no meio do caminho entre dois extremos. A primavera fica entre o cinza do inverno e a luz do verão. O rosé está entre a delicadeza do vinhos brancos e a robustez dos vinhos tintos. A beleza das cores encontrada nas pétalas é comparável ao encantamento provocado pela tonalidade vislumbrada na taça de um vinho rosé. E, para completar, dos jardins e das garrafas de rosés brotam aromas frescos, florais, típicos das estação e do vinho, Um casamento perfeito.
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O rosé tem uma trajetória capaz de ser perder no tempo. Apesar disso, é inevitável: quando falamos da presença do vinho na história, como na Roma Antiga, as pessoas pensam imediatamente tratar-se de um tinto. Não é um equívoco grave, mas é um equívoco. Os vinhos tintos só vieram a dominar o mercado a partir do século XVIII. Até então, a predominância nas mesas mais nobres era de brancos, rosés e, depois, dos claretes. O vinho tinto, bruto, extremamente forte, era uma bebida popular e até definidora de caráter. Na Grécia, quem provava os tintos eram os bárbaros e os criminosos. Logicamente, eram bem diferentes das bebidas atuais.
Melhor que água e leite
Na época, o vinho era um líquido providencial porque preservava suas qualidades por bom tempo e não provocava doenças. Diferentemente do leite, estragado em poucos dias, e da água, quase sempre contaminada. Por isso se bebia tanto vinho. Os nobres preferiam aqueles feitos com a mistura de uvas tintas e brancas, maceradas ao mesmo tempo. Ou então, para fugir da brutalidade dos tintos provados pelos “bárbaros”, acrescentava-se um pouco de água à bebida, hábito até hoje mantido em bairros populares de Buenos Aires, naqueles casos de vinhos muito pesados. O resultado, nos dois casos, era um vinho de cor rosada. O rosé.
O melhor vinho brasileiro é um clarete. Mas… você sabe o que é um clarete?
No século II a.C., os romanos instalaram, no sudeste da França, a primeira província fora de seus domínios originais. “Província” virou “Provence”. E da mistura entre as técnicas romanas de produção e a vocação local para produzir vinhos frescos surgiria o maior polo mundial de produção de rosés do planeta. Rosé da Provence virou uma referência de altíssima qualidade. A mistura de uvas brancas e tintas foi sendo deixada de lado até sua proibição em definitivo na Europa. Atualmente, a técnica mais usada é relativamente simples: após a maceração, o mosto (resultado do esmagamento das uvas) é deixado em contato com a casca da uva apenas pelo tempo suficiente para ganhar a sua bela cor.
O resultado final é um vinho fresco, delicado e floral. Como uma primavera engarrafada…
Miolo Rosé Seleção – O rótulo desse vinho traz estampado em seu lado direito: “O melhor rosé do mundo”. É um exagero, claro. O Miolo Seleção ganhou um concurso respeitado no Rio anos atrás e isso é bastante honroso. No entanto, definir-se por conta disso como “melhor do mundo” é um pouco demais. Apesar disso, é um vinho bastante honesto quanto se considera seu preço. Servido na temperatura recomendada para os rosés (por volta de 10 a 12 graus), mostra-se bastante fresco, com acidez equilibrada e toques de frutas vermelhas. Para beber de forma despreocupada, acompanhando um camarãozinho, por exemplo. Boa opção.
Preço – entre R$ 30 e R$ 40
Quinta da Lixa Verde Rosé – Curioso, não? Como um vinho verde pode ser rosé? Bem, é porque Vinho Verde não se refere especificamente à cor da bebida, mas sim à região onde ela é produzida. Vinho Verde é o nome de uma região onde se produzem vinhos sob determinadas regras. Em outras palavras, uma Denominação de Origem Controlada (DOC, talvez já tenha visto esta sigla por aí…). O Quinta da Lixa se enquadra na qualificação dos vinhos descompromissados, perfeitos para beber na praia, na piscina, sem maiores preocupações com análises gustativas. Como dizem os portugueses, um vinho muito fácil de beber. E de bom preço.
Preço – entre R$ 40 e R$ 50
Crios Rosé of Malbec – Quando ainda se dedicava a escrever rotineiramente sobre vinhos, o cantor Ed Motta, grande degustador, elegeu este rosé produzido pela enóloga argentina Susana Balbo como o melhor do gênero da América do Sul. Não é exagero, embora muitos outros rótulos tenham sido lançados desde então. A potência da Malbec fica bem evidente nos toques frutados do Crios. Certa vez, em Buenos Aires, esse vinho foi provado e os brasileiros imediatamente notaram nele os toques de goiaba. Os argentinos ficaram sem entender muito. Afinal, goiaba não era uma fruta conhecida por lá. Ótimo vinho!
Preço – entre R$ 60 e R$ 70
Espumante Amitié Cuvée Brut Rosé – A vinícola das amigas Juciane Casagrande Doro e Andreia Gentilini Milan tem poucos anos e já coleciona muitos prêmios. Elas cresceram em vinícolas de Bento Gonçalves, onde colhiam uvas na infância, e se juntaram para criar a Amitié em 2018. De lá para cá, os vinhos não param de ganhar o mercado e a admiração de jurados em várias premiações. O Cuvée Brut Rosé, por exemplo, ganhou a medalha de ouro no Challenge Du Vin 2022. Bom exemplo da excelência alcançada pelos espumantes nacionais. Saboroso, refrescante e elegante. Muito gostoso.
Preço – entre R$ 90 e R$ 110
LYV Pays d’Oc Rosé – Ainda não chegamos à região da Provence, mas já estamos na França. Rosé bem leve, produzido com a Grenache, uva colocada no centro de polêmica entre franceses e espanhois por conta de sua origem (os produtores da Espanha garantem: a casta nasceu lá e seu nome original é Garnacha). A LYV é uma vinícola localizada em Vallée de l’Herault, na região de Languedoc-Roussillon. Produz vinhos desde o final do século XIX. O vinho é leve, tem 12% de graduação alcoólica, muito gostoso e traz toda a elegância e frescor de um bom rosé francês. E tem uma garrafa maravilhosa.
Preço – entre R$ 150 e R$ 160
M de Minuty Côtes de Provence – Subimos de preço e subimos de nível. A Minuty é uma das vinte e três vinícolas classificadas como Cru Classé em Provence, ou seja, estamos falando do topo da produção da região mais nobre do rosé. Elaborado com mescla das uvas Grenache, Cinsault e Syrah, o M de Minuty mistura notas de frutas vermelhas com uma certa acidez, capaz de lhe garantir uma paleta de aromas bem rica. Frutado, fresco, saboroso e equilibrado. Excelente vinho.
Preço – entre R$ 280 e R$ 300
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