Bem-estar
Realizar consulta pré-anestésica reduz risco de complicações em cirurgias
Até mesmo remédios fitoterápicos podem interferir no processo de coagulação do sangue, e trazer complicações durante a cirurgia

Consulta pré-anestésica é fundamental nas cirurgias eletivas. Foto: @senivpetro/Freepik
Muita gente nunca nem ouviu falar, mas sim, ela existe e é fundamental para evitar riscos à vida do paciente e também para dar mais segurança aos cirurgiões, estamos falando da consulta pré-anestésica. É nessa consulta que o anestesista vai identificar qual a melhor opção para determinado paciente, e o paciente vai tirar todas as suas dúvidas e saber um pouco mais sobre a anestesia que será adotada.
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O médico anestesista, Pedro Dettogni disse que essa consulta é fundamental nas cirurgias eletivas, ou seja, aquelas que não são de urgência.
“Ela geralmente é realizada no consultório do anestesista ou no hospital ou clínica onde será realizado o procedimento. Traz muita segurança para o paciente e reduz a ansiedade antes da cirurgia, pois é possível tirar todas as dúvidas e entender os motivos da anestesia que será adotada, além dos efeitos esperados no pós operatório”, disse ele.
A maior parte das pessoas sentem mais medo da anestesia do que da cirurgia de fato. E hoje a medicina está muito evoluída e os problemas que no passado fizeram com que a anestesia fosse tão temida, hoje são muito raros.
“Atualmente trabalhamos com o que há de mais moderno em instrumentais médicos, novas técnicas, profundos conhecimentos e medicamentos de última geração. Tudo isso reduz o risco de complicações”, relatou Dettogni.
Existem vários tipos de anestesia: geral, sedação, bloqueios do neuroeixo e bloqueios de nervos periféricos. Para cada cirurgia o anestesista propõe a técnica adequada ao procedimento e ao paciente, que pode ter restrições no seu quadro clínico.
De acordo com Pedro, a anestesia geral segue sendo a mais temida. “Muitos pacientes relatam o medo de acordar durante o procedimento ou de nunca mais despertar após o término da anestesia. Muitas dessas complicações, que eram muito comuns no passado, hoje são muito raras”, informou.
A avaliação pré-anestésica
Nela são analisadas as mais diversas informações, que podem incluir registros médicos do paciente, entrevista, exame físico e achados de testes e de avaliações médicas.
O exame físico é focado principalmente numa análise detalhada das vias aéreas. Durante a avaliação clínica são verificados também os aparelhos cardiovascular e respiratório. É feita pesquisa da presença de asma brônquica e frequência das crises, pesquisa de doenças endócrinas e da apnéia do sono.
“Também é importante saber sobre cirurgias realizadas anteriormente, e verificar se já aconteceu algum histórico de morte de parentes próximos durante uma cirurgia. Outra informação fundamental é sobre o uso de medicamentos, vícios e uso de drogas, pesquisa de alergias tanto medicamentosa, quanto a alimentos, cosméticos, balão, etc”, disse ele.
Não pode mentir de omitir isso do anestesista, pois pode colocar em risco a própria vida.
“O médico precisa perguntar sobe o uso de medicamentos, mesmo que seja de fitoterápicos ou medicações homeopáticas. É fundamental e ele tem que saber da existência. Eles parecem inofensivos, mas muitos possuem efeitos anticoagulantes importantes e, em caso de cirurgias, há risco de ocorrer sangramentos prolongados. Diante dessa informação o anestesista decidirá pela suspensão ou não do medicamento dias antes da cirurgia”, alertou Pedro Dettogni.
É importante lembrar que os números indicam que as complicações fatais em anestesia acontecem na ordem de 1 em cada 200 mil procedimentos. Ou seja, é possível que um anestesiologista atue durante décadas em sua profissão, realize cerca de 20 a 30 mil procedimentos e não presencie nenhuma complicação grave decorrente de anestesia.
A maior parte das complicações relacionadas à anestesia, cerca de dois terços são complicações respiratórias e estão associadas a problemas de ventilação e acesso às vias aéreas. O restante acontece principalmente nos sistemas cardiovascular e neurológico.
“Esses riscos podem ser ocasionados pelos efeitos dos fármacos administrados ou de fatores inerentes à própria condição clínica do paciente, como alergias, doenças cardíacas ou respiratórias”, informou.
Em mãos de profissionais responsáveis e devidamente habilitados, atuando em instituições igualmente comprometidas com os pacientes, a anestesia torna-se, portanto, uma ciência segura, reduzindo os riscos e humanizando as intervenções médicas, livrando os pacientes da dor.
