Bem-estar
Medo de dirigir: saiba o que motiva e onde procurar ajuda
O tratamento acontece dentro do carro, onde serão trabalhadas as questões emocionais e o próprio funcionamento do veículo.
Entrar no carro, pegar no volante e sentir pânico. Essa é a rotina de muitas pessoas que têm medo de dirigir e acabar em um acidente, ou se perder pelo caminho e, até mesmo, incomodar os outros motoristas no trânsito e não conseguir agir sob pressão.
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Em alguns casos, o medo de dirigir faz com que as pessoas deixem de pegar o carro por anos. É o que acontece com Elisabeth Soares, que está há dez anos sem assumir a direção.“Depois que eu tirei a carteira, dirigi durante seis anos. Foi quando eu perdi a minha mãe, tive problema de depressão e tomava vários remédios. Comecei a ter medo, um certo pânico ao dirigir, até mesmo por conta dos medicamentos que eu tomava”, conta.
Elisabeth explica ainda que o pânico acontece na hora de estacionar o carro, dar macha à ré e até mesmo o ato de sentar no banco do motorista. Ela diz que pensa em procurar ajuda psicológica, mas está criando coragem.
Não só quem já dirige há bastante tempo desenvolve esse quadro. Até mesmo dar o primeiro passo e se matricular na autoescola é um desafio para quem possui esse medo. O Yan Carlos passa por esse problema. Ele tem 22 anos e, depois de uma experiência ruim, não pensa em tentar dirigir novamente. “Todos os meus amigos têm carteira e eu sou o único que não. Eu tenho medo de começar a dirigir e entrar em uma autoescola porque tive uma experiência ruim no passado. Foi um pequeno incidente com o carro do meu pai, mas que gerou uma aversão à direção”, explica.
Resultado da soma de vários fatores, o medo de dirigir também pode surgir depois de um episódio traumático. De acordo com a psicóloga Aline Hessel, especialista na área, não existe causa única, é chamado de multifatorial. Esse quadro acontece por conta da personalidade da pessoa, como ansiedade ou perfeccionismo somada com experiências.
“Em uma pesquisa que realizei aqui em Vitória, em 2010, percebemos que o perfil das pessoas que buscam ajuda para um acompanhamento geralmente são mulheres, entre 45 e 55 anos, com pouca experiência no trânsito. Porém, essas poucas experiências que tiveram, ocorreram de forma negativa. Seja o envolvimento em um acidente, ou algum conhecido que se envolveu numa situação negativa, acompanhar pessoas que dirijam de forma agressiva no trânsito, ou mesmo buscar ajuda com pessoas despreparadas que contribuem com um clima ruim ao dirigir. A falta de incentivo ou mesmo oportunidade também interferem”, explica.
A sensação se assemelha à uma crise de ansiedade, com suor, palpitação forte e tremedeira. A experiência de dirigir com medo não é boa e isso pode desencadear uma série de experiências ruins. No final das contas, o motorista deixa de dirigir e só percebe que é um problema tempos depois.
O tratamento acontece dentro do carro, onde serão trabalhadas as questões emocionais e o próprio funcionamento do veículo. Isso tudo é feito de forma gradativa, começando por aquilo que é mais fácil ao mais complicado.
“É fundamental também identificar o que a pessoa já sabe sobre o dirigir. Cada pessoa chega para mim com um nível de conhecimento e ansiedade diferente e isso deve ser levado em consideração. Da mesma forma, encontramos variação na duração do tratamento que são de meses, podendo passar de um ano. A boa notícia é que praticamente todas as pessoas que buscam auxílio de um bom profissional, conseguem superar esse medo”, afirma Aline.
O serviço de ajuda psicológica para pessoas que possuem esse medo não é regulamentado nas autoescolas. É preciso tratar do problema com auxílio de um profissional, podendo ser um psicólogo, terapeuta ou psicanalista.
Nos próprios Centros de Formação de Condutores existem práticas que podem ser trabalhadas pelos instrutores, avaliando caso por caso. Os instrutores estão aptos a ensinar toda parte operacional nas aulas práticas de direção.
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