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Cigarro eletrônico: o que está por trás da nova febre entre os jovens
Apesar da venda proibida no Brasil, dispositivo para fumar é usado como uma alternativa ao cigarro convencional, mas traz consequências perigosas à saúde

Cigarro eletrônico: o que está por trás do dispositivo que é febre entre os jovens. Foto: Lindsay Fox/Pixabay
Quem usa diz que o sabor agrada, o cheiro não incomoda e a sensação é de trazer menos malefícios à saúde. Esses são os principais fatores que têm levado pessoas a aderirem ao cigarro eletrônico, que se tornou uma verdadeira febre principalmente entre os mais jovens.
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O estudante Leonardo Arenas, de 25 anos, usa socialmente ambos os tipos de cigarro, e é um dos adeptos do dispositivo eletrônico. “Não fede, você não fica com cheiro de cigarro e o sabor é mais gostoso. Normalmente quando eu estou com o vape, não fumo o cigarro comum”, relata.
O dispositivo, popularmente conhecido como vape, tem a venda proibida no Brasil devido à uma resolução da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). Mas, seja em lojas físicas ou online, os usuários afirmam que a comercialização acontece livremente. Mesmo com a proibição da venda, nunca houve notificações do Procon Estadual quanto ao comércio dos produtos no Espírito Santo.
A popularização em torno do falso benefício proporcionado pelo cigarro eletrônico continua em alta e tem atingido diversas pessoas. A designer Daniela Dias tem 26 anos, é tabagista, e passou a fumar o cigarro eletrônico para tentar fugir do cigarro comum.
“Eu comecei a fumar o cigarro eletrônico porque muito foi divulgado, principalmente por um estudo no Reino Unido, de que o sistema de saúde deles estava fazendo uma distribuição de cigarros eletrônicos para pessoas tabagistas que queriam parar de fumar. Foi passado pela publicidade desses dispositivos que teria menos substâncias ruins do que no cigarro normal. Por ele não ter cheiro, eu fumava várias vezes ao dia, em casa, no meu quarto, em salas de reunião, e quaisquer outros espaços”, conta.
O vape pode ter ou não a presença da nicotina. Os aparelhos são compostos por solventes como o propilenoglicol e a glicerina. Ainda assim, o dispositivo é repleto de substâncias desconhecidas pela ciência. Artistas como Zé Neto, da dupla Zé Neto e Cristiano, e a cantora americana DojaCat, tiveram problemas de saúde no pulmão e na garganta causados pelo consumo excessivo do cigarro eletrônico.
Malefícios à saúde
De acordo com autoridades médicas, o dispositivo é altamente prejudicial pelo vapor e pelos fluidos, que podem gerar uma infecção pulmonar de forma aguda, dependendo da sensibilidade e imunidade de quem o utiliza.
Mesmo com a composição nebulosa para pesquisadores, a certeza, hoje, recai em danos pulmonares a curto, médio e longo prazo. É o que destaca a médica pneumologista, Cilea Martins.
“O cigarro eletrônico tem uma capacidade de agressão muito grande. Ele pode provocar a síndrome inflamatória aguda, que é uma espécie de irritação no pulmão, como se fosse uma reação alérgica aguda. A médio prazo, a pessoa vai se tornando um dependente químico, assim como acontece com o cigarro comum. A longo prazo, ele vai levar às mesmas consequências: enfisema pulmonar, bronquite crônica tabágica e piora dos quadros alérgicos”, alerta a médica.
Desde 2009, a Anvisa proíbe a comercialização, importação e propaganda de todos os tipos de dispositivos eletrônicos para fumar no Brasil. Essas regras podem ser revistas, mas o Conselho Federal de Medicina e outras entidades médicas têm trabalhado por uma regulamentação mais firme sobre esses produtos.
“As pessoas pensam que estão saindo da dependência química da nicotina, mas é o efeito contrário. Elas estão adquirindo mais dependência porque tem muita nicotina e é tão prejudicial quanto o cigarro comum. É um dispositivo altamente lesivo pelo vapor e pelos fluidos que o compõem”, enfatiza a pneumologista.
Não importa se há opções com ou sem nicotina, ou se o usuário fuma o cigarro convencional ou o cigarro eletrônico. Ambas as alternativas não fornecem nenhum tipo de benefício à saúde.
Lembra da Daniela Dias, lá no início da reportagem? Que havia sido influenciada a trocar o cigarro convencional pelo vape? Ela parou de fazer uso do cigarro eletrônico após ouvir recomendações médicas.
“Não faço mais uso do cigarro eletrônico. Conversei com amigos médicos e eles me alertaram sobre os perigos do produto. Até onde sabemos, ele tem um tipo de lesão mais grave a curto prazo”, destaca a designer.
Tratamento para o vício
De acordo com pesquisa do Instituto Nacional do Câncer, o risco de iniciação ao tabagismo é significativamente maior entre usuários de cigarro eletrônico. Caso esse estágio seja atingido, também é possível revertê-lo, mesmo que seja difícil.
No Espírito Santo, o tratamento ao fumante é ofertado em 52 municípios. É preciso procurar a unidade de saúde municipal para ter acesso a acompanhamento médico e psicológico para tratar o vício, que está diretamente ligado à nicotina.
É proibido fumar, mas pode comprar
Durante a reportagem, foi possível ver estabelecimentos com placas alertando sobre a proibição do uso de cigarros eletrônicos e convencionais. No entanto, a poucos metros de distância da placa, o mesmo estabelecimento vendia vapes. Apesar de ser comum, a venda dos cigarros eletrônicos no Brasil é proibida pela Anvisa. Veja:

Foto: Gabriela Jucá/BandNews FM ES
Ouça aqui a reportagem especial sobre cigarro eletrônico, veiculada na rádio BandNews FM Espírito Santo:
