Solidariedade
Capixaba aprende a tocar violino na internet e se apresenta nas ruas do Brasil
Há dez anos, a artista nômade decidiu colocar o pé na estrada e vivenciar o que o mundo tem a oferecer

Maikon Douglas Aragão de Souza toca violino nas ruas do Brasil. Foto: Arquivo Pessoal
O caos do trânsito, o barulho de motores e buzinas, além do sol quente. Tudo se torna um detalhe quando o som do violino vai se aproximando. Músicas suaves emitidas pelas cordas e o arco do instrumento, manejado pelo artista de rua Maikon Douglas Aragão de Souza, 26 anos, arrancam a admiração de homens e mulheres de várias idades que cruzam os caminhos do jovem capixaba pelo Brasil.
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Assim como na música de Dominguinhos, a vida de Maikon Douglas é viajar por este país. Há dez anos, O artista nômade decidiu colocar o pé na estrada e vivenciar o que o mundo tem a oferecer. “Meu espírito é livre e eu amo a estrada. Estar nas ruas me permite ouvir histórias, conhecer culturas, explorar o desconhecido. Minha maior riqueza é poder conhecer qualquer lugar que eu quiser por meio da minha arte”.
A vida nunca foi fácil para o Maikon Douglas. De família humilde e sem muita perspectiva, decidiu escrever sua própria história ainda muito cedo. Escolheu as ruas do país como seu lar e a arte de rua, o malabares e o artesanato, sua fonte de renda. Com coragem e sede de conhecimento, viajou do Sul ao Nordeste. É para poucos o privilégio que o jovem tem de dizer: “já perdi as contas de quantos municípios brasileiros já conheci e a cultura popular brasileira continua me encantando”.
Há três anos, o artista decidiu se dedicar a aprender a tocar violino. Em meio às andanças, sempre arrumava tempo para assistir aulas e ouvir música para se aprimorar no instrumento. Com maestria, hoje, Maikon Douglas trocou o malabares pelo violino, e se apresenta nas ruas por onde passa, arranca suspiros e desperta lembranças. A música – uma paixão antiga – se tornou o ganha pão do jovem.
“Eu sempre amei música. Minha mãe me deu meu primeiro violino. Eu carregava ele para cima e para baixo, mas não sabia tocar. Foi quando resolvi me dedicar de verdade. É um dos instrumentos de corda mais difíceis. A pessoa tem que amar muito para aprender e não desistir. E se tornou a minha paixão. Com a música, vejo diariamente pessoas se emocionarem com a minha arte, me agradecer por tê-las alegrado ou despertado alguma lembrança. Isso é o mais gratificante”, ressalta Maikon Douglas.
Mesmo em meio as dificuldades das ruas, o artista nômade não pensa em “fazer morada” tão cedo. A vida na estrada é o que faz sentido ao espírito livre. É claro que uma hora a saudade bate, mas é nas boas lembranças que tem o acalento. A tristeza, que às vezes tenta também se fazer presente, é driblada com a música e as tantas aventuras vividas nos semáforos das ruas.
“Fico normalmente de três a quatro dias em cada cidade. Mesmo quando as pessoas acham que vou ficar, eu vou embora. Minha vida é conhecer lugares, pessoas e culturas. Acredito que não adianta ler vários livros trancados em um único lugar e não viver nada daquilo que está escrito. É um conhecimento raso. É nas ruas que ouço histórias, busco aprender com erros e acertos de quem passa pela minha vida, vivencio culturas e assim escrevo minha própria história”, conclui.
Maikon Douglas veio visitar a família, em Vila Velha. Cada dia é um novo dia. Sem data e sem pressa, o destino é o guia. Não há ainda a hora do adeus e nem o próximo destino. Mas uma coisa é certa: a hora da despedida vem. E se você se encantou com a música do artista nômade e quer ajudá-lo nesse propósito de vida, pode fazer sua doação pelo PIX 27998907015 (celular).
