Olhar 360º
Quanto custa morrer no Espírito Santo?
Custo médio para se enterrar uma pessoa no estado é de R$ 2,488, segundo Associação de Funerárias. O valor, no entanto, pode chegar a R$ 30 mil

Segundo pesquisa da Abredif, o custo médio para se enterrar uma pessoa no Espírito Santo é de R$ 2.488. Foto: Antonio Molina/FotoArena/Estadão Conteúdo
Não bastasse a dor do luto após a perda de um ente querido, o desgaste emocional para quem fica é ainda maior se somadas as despesas financeiras deixadas pela morte no orçamento familiar. Segundo levantamento da Associação Brasileira de Empresas Funerárias e Administradoras de Planos Funerários (Abredif), o custo médio para se enterrar uma pessoa no país é de R$ 2,5 mil. E no Espírito Santo essa realidade não é tão diferente. De acordo com a pesquisa, a morte para o capixaba custa R$ 2.488, podendo chegar a até R$ 30 mil.
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As estimativas são baseadas em um cruzamento da renda média população, levando em consideração dados da PNAD (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios), desenvolvida pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), e a pesquisa da Abredif.
De acordo com a Associação, o capixaba precisa trabalhar 36 dias para pagar pelo valor integral do enterro, que inclui desde as despesas com caixão, até o transporte do corpo, velório, sepultamento e decoração. Se cruzarmos essa informação à renda média do estado, de R$ 2.073, chegamos ao valor aproximado de R$ 2.488.
Ainda segundo o levantamento, o Espírito Santo ocupa a 18ª posição entre os estados brasileiros onde o povo mais precisa trabalhar para arcar com os gastos funerários. O Maranhão encabeça essa lista sendo necessário 64 dias de trabalho. Na sequência estão Alagoas (56 dias) e Piauí (55 dias). Na ordem inversa, o destaque é o Distrito Federal (19 dias).
Sepultamento na Capital custa até R$ 257

Cemitério de Santo Antônio, em Vitória. Foto: Central de Serviços/PMV
Nos cemitérios municipais de Vitória, apenas 10% do valor total estimado pela Abredif corresponde às taxas do sepultamento, que abrangem apenas serviços como velórios e enterros.
No Cemitério de Maruípe, por exemplo, os valores variam entre R$ 97,43, para as covas simples, a R$ 193,80, para as covas cimentadas, no caso dos adultos. As unidades destinadas para o público infantil custam entre R$ 49,77 (simples) e R$ 97,43 (cimentado). Em ambos os casos não há taxa extra para a realização dos velórios.
Já no cemitério de Santo Antônio, o preço varia de R$ 92,67 a R$ 213,71. Porém, nem todos podem ser enterrados lá. Segundo a prefeitura, as unidades são concedidas aos munícipes apenas por meio de concessões, a partir de processos administrativos abertos pelo município.
No caso das famílias de baixa renda inscritas no CadÚnico (Cadastro Único para Programas Sociais), os serviços de sepultamento em Vitória são gratuitos.
Serviços privados podem custar até R$ 30 mil

O cemitério Parque da Paz é um dos principais da Grande Vitória, com unidades em Vila Velha e Cariacica. Foto: Divulgação/Parque da Paz
Assim como todo produto ou serviço disponível no mercado, existem aqueles que custam mais caro. Em um breve levantamento feito pela reportagem do ES360, foram encontrados na Grande Vitória modelos de caixões que custam até R$ 20 mil. Somado a esse valor ainda estão os serviços funerários, como tratamento e transporte dos corpos e ornamentações com flores naturais, que podem elevar os gastos até R$ 30 mil.
No cemitério Parque da Paz, em Ponta Fruta, Vila Velha, a empresa oferece desde os serviços funerários até os sepultamentos. No primeiro caso, o pacote mais simples custa a partir de R$ 1,5 mil. Já o segundo, que diz respeito aos jazigos onde as pessoas são enterradas, podem custar entre R$ 5,8 mil e R$ 8,8 mil.
Não houve reajuste no setor durante a pandemia
Apesar da demanda ser decisiva na precificação dos produtos e serviços, o presidente da Abredif, Lourival Panhozzi, disse que o setor não reajustou seus preços durante a pandemia do novo coronavírus. “Alguns modelos de caixões tiveram alta de 20% a 60%, mas esse o valor não foi repassado. Como houve aumento da demanda, foi possível estabelecer uma compensação e esse valor pôde ser diluído. Serviços como a preparação e transporte dos corpos também se mantiveram os mesmos”.
Ainda assim, Panhozzi afirma que algumas empresas podem sim ter praticado alguma alta, mas que essa não foi a orientação da Associação. “Temos uma tabela de preços que se mantém a mesma desde outubro de 2019. Se alguma empresa praticou a alta, foi por conta própria. A entidade apenas orienta o setor, não temos poder de polícia ou fiscalização”, frisou.
