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Silvestres em casa: proteção ou uma ameaça à espécie? 

O quarto episódio da série traz o posicionamento da Proteção Animal Mundial no Brasil

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Ouça o quarto episódio:

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Não comprar, reproduzir ou abandonar os animais silvestres. Estes são os três pilares do movimento Silvestre Não é Pet, que resgata o olhar para um problema que parece até escondido, mas atravessa de norte a sul do Brasil e, inclusive, os oceanos. É o imensurável tráfico ilegal de fauna.

A Proteção Animal Mundial, organização global que encabeça o movimento aqui no Brasil, é contra a retirada destes bichos da natureza para a criação doméstica ou em cativeiro, como defende o biólogo e um dos diretores da organização, João Almeida.

“Cientes de que os animais silvestres sofrem quando eles estão fora da natureza, isso determina a nossa atuação para que os animais silvestres não sejam explorados comercialmente, por exemplo, na realidade pet, como animais de estimação. Animais silvestres pertencem a natureza, só o ambiente natural é capaz de atender às necessidades complexas de animais com alto níveis de cognição. Qualquer situação diferente disso, representa sofrimento”, defende.

O problema, no entanto, não está com quem cuida desses animais em casa, como vimos grandes exemplos nesta série de reportagens. Inclusive, quem já possui um pet não convencional pode ser defensor do movimento e se comprometer em não abandonar esses bichos, assim como denunciar maus-tratos e irregularidades na comercialização.

Compras impulsivas

Uma pesquisa realizada pela Proteção Animal Mundial no Brasil aponta que 46% dos donos de silvestres compraram estes pets por impulso, o que compromete a vida das espécies que podem ser, eventualmente, abandonadas na natureza e, a partir disso, não conseguem sobreviver. A situação é pior se for um animal exótico, que não pertence ao bioma brasileiro e pode colocar em risco, inclusive, outras espécies.

O caminho é procurar um centro de triagem ou de reintrodução de animais silvestres, para que eles sejam preparados para o retorno à natureza.

“Se você tem um animal silvestre como pet, não solte na natureza. Não tome essa decisão impulsiva. Procure uma autoridade ambiental que tem condição técnica de dar uma boa orientação e, até mesmo, de receber o animal para destiná-lo a uma situação bem melhor, evitando, também, o impacto ambiental”, explica o diretor.

Esse abandono pode acontecer, principalmente, porque o tutor não conseguiu se adaptar à rotina do animal. E, claro, isso é fruto de uma decisão por impulso. O biólogo comportamentalista Marlos Brum chama atenção para esse cuidado antes de decidir comprar um pet não convencional, até porque os animais podem ser diurnos ou noturnos e quem vai arcar com isso é o dono.

“Se você é uma pessoa totalmente diurna, acorda cinco da manhã para correr na praia, você não pode ter uma coruja. Se é uma pessoa noturna, acorda meio-dia e vai dormir às quatro da manhã, você não pode ter um papagaio, porque é um animal diurno, vai querer brincar e precisa de estímulo e interação. E quando você não respeita isso, você tem problemas. O animal vai sofrer, é uma questão antiética”, comenta.

O que diz a lei?

No Espírito Santo existe o Cereias, Centro de Reintrodução dos Animais Silvestres, localizado em Aracruz. Por lá, chegam, em média, 300 animais por mês, resgatados por órgãos ambientais e já foram mais de 100 mil bichos devolvidos à vida livre, o que mostra a importância deste centro para a conservação da biodivesidade e no combate do tráfico ilegal de fauna brasileira.

Mas, isso é resultado de anos de evolução. Em 1967, foi criada a Lei de Proteção à Fauna e os animais silvestres passaram a ser considerados propriedade do Estado, o que levou a permissão da venda por criadouros legalizados. Desde 1998 é crime, previsto em lei, qualquer tipo de maus-tratos a animais, a caça e criação ilgeal. De acordo com a Lei de Crimes Ambientais, criar silvestres ou exóticos sem autorização pode resultar em pena que varia de três meses a um ano.

Antes desta lei, as pessoas autuadas por manterem animais em cativeiro recebiam autorização legal de continuar com os bichos, pela inexistência de um local apropriado para recebê-los. Agora, os centros de reabilitação e reintrodução, como o Cereias, se encaixam neste papel. Com isso, mesmo com a intenção de legalizar o bicho, o tutor deve devolvê-lo.

No site do Ibama há uma lista completa de todos os animais domésticos. Qualquer espécie que não esteja nesta lista, precisa ser adquirida apenas de criadouros autorizados.

No caso de quem tem um animal de forma ilegal, mesmo sem saber, não consegue regularizá-lo, mas há possibilidade de realizar uma entrega voluntária à Polícia Ambiental e, dessa forma, ficar isento das punições, como explica o major Luchi, subcomandante da Polícia Ambiental do Espírito Santo.

“Fazemos o resgate e, inclusive, se for entrega voluntária, a pessoa fica isenta das punições. A Lei de Crimes Ambientais estabelece que causar maus-tratos em qualquer tipo de animal é crime, com pena de três meses a um ano”, afirma.

No próximo episódio…

A comercialização ilegal de animais silvestres e exóticos está presente em inúmeros estabelecimentos e é facilmente disseminada pela internet. No entanto, quem compra, mesmo sem saber, está alimentando uma estrutura criminosa e sem fronteiras. No próximo e último episódio desta série de reportagens, vamos entender o que é o tráfico de fauna e como isso tem ligação direta com o mercado legal.

Ouça o episódio anterior: Cobras, macaco e coruja: a rotina dos bichos na selva de pedras 


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