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Portela perde e personalidades do judô se revoltam contra arbitragem

Especialistas entendem que arbitragem deixou de assinalar wazari para a brasileira e deveria ter advertido russa com terceiro shido

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Maria Portela recebeu três punições por falta de combatividade no golden score e parou sua participação nas Olimpíadas nas oitavas de final. Foto: Twitter/Time Brasil

Maria Portela recebeu três punições por falta de combatividade no golden score e parou sua participação nas Olimpíadas nas oitavas de final. Foto: Twitter/Time Brasil

Em uma luta com decisão polêmica, tensa, dramática e decidida após mais de 14 minutos, Maria Portela perdeu para a judoca Madina Taimazova, do Comitê Olímpico Russo (ROC) e foi eliminada na categoria até 70 kg dos Jogos Olímpicos de Tóquio na madrugada desta quarta-feira (horário de Brasília). A brasileira recebeu três punições por falta de combatividade no golden score, que durou quase 11 minutos, e parou nas oitavas de final. Foi o combate mais longo do da Olimpíada no Japão até o momento. Ela teria acertado um wazari no tempo extra, mas o VAR não validou o golpe.

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Em sua terceira Olimpíada, Portela, atualmente na 10ª colocada no ranking mundial e que havia vencido na estreia a afegã Nigara Shaheen, da equipe de refugiados, com um ippon em 28 segundos, foi guerreira e honrou o apelido de “raçuda”. Ela não escondeu a frustração e saiu do tatame no Nippon Budokan aos prantos, talvez porque entendesse que merecia ter vencido o combate.

“Eu queria muito vencer”, disse a brasileira, chorando copiosamente. “Tive muitos desafios para chegar aqui. Quero agradecer todos que me ajudaram a chegar até aqui. Acho que dei tudo ali no tatame”, continuou ela, ainda aos prantos.

Com pouco mais de três minutos no golden score, a brasileira encaixou um bom golpe e derrubou a adversária no solo. Os juízes viram o lance no VAR e não consideraram wazari. Depois, após quase 11 minutos de tempo extra, recebeu o terceiro shido e acabou derrotada.

O ex-judoca Tiago Camilo, medalhista olímpico em Sydney-2000 e Pequim-2008, entendeu que a gaúcha foi duplamente prejudicada pela arbitragem. “A brasileira claramente prejudicada nessa luta. Tanto nesse golpe não pontuado quanto na decisão do golden score. Nessa última punição que ela tomou”, afirmou.

Flávio Canto, medalhista de bronze em Atenas-2004, endossou a opinião do colega e detonou o VAR. “Não darem o wazari pra Portela.. pra que serve o VAR? Francamente. Lamentável”, escreveu o ex-judoca e comentarista da TV Globo nas redes sociais.

Alex Pombo, judoca que já defendeu a seleção brasileira, passou por uma situação semelhante à de Portela com o árbitro mexicano, o que reforçou seu descontentamento com a decisão do juiz no combate da brasileira em Tóquio. Nas semifinais do Pan de Toronto, em 2015, Pombo foi derrotado pelo argentino Alejandro Clara da mesma maneira, com um shido no fim.

“Esse árbitro já acabou com o meu sonho nos Jogos Pan-Americanos de Toronto, trocando o shido faltando segundos pra acabar a luta. Agora nos Jogos Olímpicos faz uma coisa dessa, acabar com o sonho de um atleta”, relembrou.

Campeões mundiais em suas categorias, João Derly e Luciano Corrêa reiteraram as críticas ao árbitro mexicano. “O wazari da Portela foi nítido”, pontuou Corrêa. “Deixa os atletas decidirem”, acrescentou.

“Nunca gostei de falar da arbitragem, mas meu Deus o que foi essa luta? Wazari não marcado e uma punição muito injusta”, reclamou Derly, primeiro brasileiro a ser bicampeão mundial de judô.

Com a derrota, Maria Portela fica fora da briga por medalhas em Tóquio na categoria até 70 kg. No entanto, ela e outros judocas do País voltarão em ação na disputa por equipes na próxima sexta-feira.