Dinheiro
Planeja comprar a casa própria? Saiba como se programar com a alta dos juros
Em meio à alta da Selic, consórcios surgem como alternativa sem juros, mas exigem planejamento de longo prazo para compra de imóveis
A taxa Selic, amplamente reconhecida como o principal termômetro da economia brasileira, desempenha um papel crucial para quem planeja comprar, vender ou investir. O impacto da alta da Selic no mercado imobiliário já é evidente, refletido em projeções que indicam financiamentos mais caros e mudanças nas decisões de compra.
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O Copom (Comitê de Política Monetária do Banco Central) decidiu nesta semana aumentar a Selic, taxa básica de juros da economia brasileira, em 1 ponto percentual, para 13,25% ao ano. É a segunda alta consecutiva dessa magnitude.
A decisão unânime dos nove membros do Copom já era esperada pelo mercado financeiro. O aumento da taxa de juros encarece principalmente o crédito e os serviços financeiros.
No mercado imobiliário, o impacto da alta da Selic é evidente. Quando ela aumenta, os bancos repassam esse aumento para as taxas de financiamento imobiliário. Isso significa que as parcelas ficam mais caras, reduzindo o poder de compra e tornando mais difícil para muitas famílias adquirirem um imóvel.
Os bancos já estavam se preparando para o cenário de juros elevados desde o final de 2024. No último trimestre do ano, as taxas de balcão subiram, variando entre 10,49% e 10,99%, dependendo da instituição financeira. A Caixa Econômica Federal (CEF), embora tenha mantido uma taxa competitiva de 9,79%, reduziu o percentual de financiamento de 90% para 70% do valor do imóvel. Essa mudança exige uma entrada significativamente maior, tornando o crédito menos acessível, especialmente para imóveis de médio e alto padrão.
Com os juros mais altos, os bancos repassam os custos aos consumidores, elevando as taxas dos financiamentos imobiliários. Isso resulta em parcelas mensais mais caras e, ao final do contrato, em um valor total expressivamente maior. Além disso, as instituições financeiras tendem a adotar critérios mais rigorosos para a aprovação de crédito, como a exigência de maior comprovação de renda e de um percentual elevado de entrada.
Embora as mudanças na taxa básica de juros impactem o mercado imobiliário, esses efeitos não ocorrem de forma instantânea. Em média, leva de 6 a 12 meses para que o setor sinta plenamente os reflexos de uma alta ou queda da Selic. Isso dá aos compradores um curto período para aproveitar as condições atuais.
Diante desse cenário, o consórcio é uma alternativa interessante ao financiamento tradicional, especialmente para quem deseja evitar o pagamento de juros. Nessa modalidade, os participantes formam um grupo para adquirir bens ou serviços por meio de contribuições mensais, sendo contemplados por sorteio ou lance.
“Contudo, o consórcio exige um planejamento financeiro de longo prazo, já que não há garantia de quando você será contemplado. Apesar disso, ele pode ser uma opção econômica e flexível, com parcelas geralmente menores do que as de um financiamento”, disse o gerente do Grupo Contauto, Marcio Parente.
Segundo ele, no consórcio, as pessoas que reúnem num grupo e colocam dinheiro, então, é um sistema de autofinanciamento. “O papel da administradora de consórcio é organizar esses grupos. Assim, o que a administradora cobra é uma taxa pelo serviço prestado, o que não tem nada a ver com a Selic. O custo do consórcio permanece o mesmo”, explicou.
Parente salienta que os consórcios não cobram juros, mas sim uma taxa de administração pelo serviço de organização dos grupos consorciados, o que, segundo ele, diminui o custo total da compra.