Dinheiro
Governo pretende renovar programa de carro zero com desconto
A pasta deve fechar os detalhes sobre a ampliação do crédito destinado ao projeto durante os próximos dias, entre quarta e quinta-feira

Pátio de montadora em São Bernardo do Campo. Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil
O Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC) confirmou que planeja uma nova rodada de crédito para o programa governamental que visa a redução do preço dos carros zero. A informação é do G1.
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A pasta está finalizando os detalhes da ampliação do crédito, prevista para ocorrer entre esta quarta-feira e quinta-feira. Embora o número de carros vendidos ainda não tenha sido consolidado, o governo decidiu continuar apoiando o setor automotivo.
Na primeira rodada do programa, foram injetados R$ 500 milhões para oferecer descontos de R$ 2 mil a R$ 8 mil em veículos novos. No entanto, essa ação foi limitada para lidar com a falta de escoamento da produção das montadoras.
Um vídeo capturado nesta quarta-feira pelo Globocop, da TV Globo, causou repercussão ao mostrar o pátio da montadora Volkswagen, em São Bernardo do Campo, com milhares de veículos aguardando para serem vendidos.
O acúmulo de estoque levou a montadora a realizar mais uma parada de produção em suas fábricas devido à “estagnação do mercado”. Em outras palavras, a empresa ainda enfrenta a falta de demanda por veículos novos, o que resultou em paralisações das principais montadoras do país no início do ano.
A situação do setor automotivo continua desafiadora, mesmo com os esforços governamentais para estimular as vendas de carros zero. O aumento da taxa básica de juros, a Selic, promovido pelo Banco Central desde 2021, está começando a impactar de forma mais significativa a economia.
Uma das consequências é a redução do consumo devido à dificuldade na obtenção de crédito. O encarecimento do crédito, aliado à diminuição do poder de compra da população, tem reduzido o potencial de financiamento e, consequentemente, a demanda por carros novos.
Segundo a Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), as estimativas indicam que o programa governamental, em sua primeira versão, proporcionaria descontos para cerca de 110 mil a 120 mil carros neste ano.
Em comparação, a previsão da associação para a produção de veículos em 2023 é de aproximadamente 2,4 milhões, sendo mais de 2 milhões destinados ao mercado interno. Isso significa que o montante de recursos direcionados pelo governo beneficiaria apenas um pouco mais de 5% dos novos veículos.
Tanto a Anfavea quanto a Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores (Fenabrave), responsável pelo registro de emplacamentos de carros novos no Brasil, não divulgaram números antes de suas respectivas coletivas de imprensa.
Esses dados evidenciam a dificuldade enfrentada pelo setor automotivo, onde o aumento dos juros e a restrição ao crédito têm afetado negativamente a demanda por carros novos. A expectativa é que as entidades do setor apresentem números mais precisos em breve, o que poderá fornecer um panorama mais completo da situação atual do mercado automobilístico no Brasil.
Preço-base não vai mudar
Apesar dos pátios das montadoras estarem lotados, analistas acreditam que os preços dos veículos não serão reduzidos. Segundo eles, o excedente de produção não está gerando novas condições para a comercialização de carros devido à necessidade das montadoras de recuperarem as perdas sofridas durante a pandemia de Covid-19.
Com custos de produção elevados devido a entraves logísticos e escassez de matéria-prima nos últimos anos, as empresas buscam recuperar o dinheiro perdido. Mesmo com melhorias nas cadeias logísticas em 2022, eventos como a guerra na Ucrânia impactaram os preços das commodities necessárias para a indústria automobilística, como metais usados em semicondutores.
Além disso, o mercado automotivo enfrenta um momento de alta competitividade, uma vez que as montadoras estão em busca do desenvolvimento de veículos que funcionem com novas matrizes energéticas, como a eletrificação.
Isso demanda investimentos em pesquisa e eficiência para garantir que o produto final tenha um preço competitivo no mercado. Portanto, diante desses desafios e da necessidade de recuperação financeira das montadoras, a redução dos preços dos veículos se mostra improvável no cenário atual.
