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Dia a dia

De fast food a casamento, hospital da Serra atende pedidos de pacientes

Tratamento com cuidados paliativos busca respeitar os desejos e trazer dignidade para os pacientes

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Fachadas e recepção do Vitória Apart Hospital. Foto: Divulgação

 

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Quando já se fez tudo o que era possível contra uma doença, como enfrentar os dias que ainda restam? Quando a morte é uma certeza, como lidar com o fim da vida? Permitir que um paciente terminal encerre seu ciclo de vida com dignidade e tenha parte dos seus desejos atendidos é o principal objetivo de um tratamento com cuidados paliativos.

A lista de pedidos no Vitória Apart Hospital é diversa. Inclui a visita do cachorrinho, um hamburguer e até casamentos. O infectologista Mayke Armani, diretor técnico do hospital, diz que é fundamental entender o que é essencial para cada paciente.

“Os pedidos pela visita pet estão no topo da lista. Mas nós já realizamos dois casamentos, de pacientes que partiram uma semana depois. Eram coisas importantes para aquele paciente, para a esposa. Também já tivemos bodas de casamento dentro do hospital. Já tivemos pedido de fast food ou de uma comida que convencionalmente não seria adequada naquele momento, mas que fazia todo o sentido para o paciente”, conta o médico, antes de explicar.

“Um princípio muito importante dos cuidados paliativos é tentar atender aquilo que é de valor para o paciente. O que é importante para o paciente? Continuar o tratamento de forma convencional apenas, ou ter as vontades, as necessidades que ele tinha, sendo atendidas também? É preciso conciliar com toda a família e com a equipe médica, o que é melhor para o paciente”.

QUANTO TEMPO AINDA TENHO DE VIDA?

A pergunta pode soar perturbadora, mas segundo Armani não pode deixar de ser respondida. Profissionais que trabalham com cuidados paliativos têm por princípio ajudar o paciente a entender qual o seu real quadro de saúde e o que é possível de realizar a partir daquele momento.

“Quando o paciente quer saber o real quadro que ele tem, quanto tempo de vida ele ainda tem, o familiar muitas vezes está do lado fazendo sinal para gente não falar, por medo do paciente se entregar. É natural o paciente ficar abatido, mas os estudos demonstram que o paciente vive melhor, as vezes vive mais tempo. Quando é deparado com uma realidade que ele quer saber, ele tem a oportunidade de se programar, de decidir o que ele vai fazer nos últimos dias de vida. Muitas vezes, ele pede para ir para casa e isso faz todo o sentido. É muito sofrido para a família e para o paciente, sofrido para a equipe médica. Mas a gente restaurou a dignidade desse paciente, e a família acaba se sentindo agradecida”, conclui.