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Comércio ilegal de abelhas pode levar à extinção de espécies

Pesquisa do Instituto Nacional da Mata Atlântica aponta ameaças à conservação das abelhas brasileiras com vendas ilegais pela internet

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ABELHA RESINA ALECRIM

Comércio ilegal de abelhas pode levar à extinção da espécie no Brasil

O comércio ilegal de abelhas com vendas de colônias pela internet é uma ameaça à conservação da espécie no Brasil, de acordo com o artigo publicado nesta quarta-feira (1°) na revista Insect Conservation and Diversity. A pesquisa, realizada pelo biólogo Antônio Carvalho, pesquisador do Instituto Nacional da Mata Atlântica (INMA), revela um comércio altamente especializado na exploração com dezenas de vendedores em 85 cidades brasileiras, a maioria na Mata Atlântica.

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As colônias foram registradas a preços variando entre R$ 70 e R$ 5 mil, sendo comercializadas em caixas de madeira de diversos modelos ou em iscas de garrafas pet. Foram mais de 300 anúncios observados no estudo com diversas espécies de abelhas sem ferrão e que estão em perigo de serem extintas. Os dados analisados revelam um preocupante mercado de criadores e de colecionadores de diferentes grupos, independente do potencial produtivo da espécie.

Para realizar as vendas desses animais, criadores devem estar cadastrados no Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (IBAMA) ou em um órgão de fiscalização estadual e são obrigados a emitir uma Guia de Trânsito Animal (GTA) para cada colônia comercializada, seguindo a Resolução CONAMA 496/2020 que regulariza a atividade no país.

Abelhas sem ferrão são importantes polinizadores de árvores em florestas tropicais e de plantas comerciais. Esses insetos são muito utilizados no Brasil para a produção de mel, uma atividade cultural e econômica conhecida como meliponicultura, que contribui de diversas maneiras para a conservação das abelhas e dos ecossistemas onde elas estão inseridas.

Existem mais de 240 espécies de abelhas sem ferrão no país é comum que elas sejam mantidas em colmeias artificiais por criadores que, em alguns casos, transportam ninhos pelo país como parte dessa atividade. No entanto, a venda ilegal destas colônias de abelhas pela internet faz com que essas espécies sejam levadas para locais fora do habitat natural, o que facilita a disseminação de parasitas e predadores nos ninhos.

Diante da demanda crescente da meliponicultura no Brasil, a venda de colônias pela internet ganhou bastante projeção nos últimos anos. “A meliponicultura não é a vilã dessa história. A atividade pode, ao contrário, contribuir para a conservação das abelhas, evitando a ação dos meleiros, pessoas que exterminam colônias somente para retirar o mel. Ninhos manejados por meliponicultores podem produzir mel e ser multiplicados por muitos anos”, explica Antônio Carvalho.

O estudo alerta, ainda, que o trânsito de colmeias para regiões com poucos recursos naturais, como zonas urbanas fora da área de distribuição das espécies, pode afetar e reduzir muitas populações silvestres de abelhas. A falta de treinamento dos compradores para o manejo também leva riscos às espécies nativas.