Espetáculo de dança revela loucura social no Teatro Sesi
‘Inumeráveis’ faz conexão dos hospitais psiquiátricos com o nosso dia a dia. Apresentação acontece nesta noite, às 20h, em Vitória

Quem deveria ser considerado louco? Afinal, o que é loucura? A companhia In Pares tenta responder a esses questionamentos no espetáculo de dança contemporânea “Inumeráveis”, que ganhou uma nova montagem e está com apresentação marcada para esta noite, às 20h, no Teatro Sesi, em Vitória. O retorno da apresentação é para comemorar os 15 anos da companhia.
A peça estreou em 2008, para mostrar a fragilidade da mente humana. Agora, 11 anos depois, assume uma roupagem mais crítica: além dos hospitais psiquiátricos, a coreografia de Gil Mendes inspira-se em inquietações sociais, na polarização política e em uma precarização da classe artística.
“Quem quer sobreviver apenas de arte, é entendido como louco. E é insanidade mesmo manter uma equipe só com o que ganhamos, pagando espaços e os salários dos dançarinos… Precisamos nos reinventar sempre, em um processo que pode nos levar à loucura”, explica Paulo Sena, produtor da peça.
Sena conta que o espetáculo não segue uma trama sólida ou tem personagens, mas é baseado nas histórias que o grupo ouviu no Hospital Adauto Botelho, em Cariacica, enquanto pesquisava para a peça. “Nos movimentos repetitivos, desordenados e esquizofrênicos dos pacientes, vimos que havia traumas, devaneios, mas também muita vida. Bebemos dessa fonte e levamos para nossa peça”.
Ao mesmo tempo, ele acredita que o público vai criar uma conexão. “Também somos repetitivos e inquietos… No fundo, somos iguais”, afirma. “Queremos mostrar a beleza da loucura, no que diz respeito à liberdade. Ser louco pode significar criatividade e experimentações”, declara.
Os bailarinos Dielson Santos, Patrícia Bittencourt e Mauro Marques sobem ao palco. Marques está desde a montagem original da peça.