Dinheiro
Empresas correm para se adaptar às novas notas da reforma tributária
Especialista alerta que a falta de adaptação pode comprometer a emissão desses documentos e gerar travamentos operacionais já no próximo ano

Novas notas fiscais da reforma. Foto: Freepik
As empresas brasileiras entraram em uma verdadeira corrida contra o tempo: quem não se adaptar às novas notas fiscais exigidas pela reforma tributária corre o risco de ver suas operações paralisadas já no ano que vem. A partir de janeiro, começa a fase de transição do novo sistema, com a aplicação simbólica de 1% do Imposto sobre Bens e Serviços (IBS) e da Contribuição sobre Bens e Serviços (CBS). Embora esse percentual possa ser compensado com os tributos atuais, sem gerar custo imediato, há uma armadilha que ameaça o funcionamento de qualquer negócio: se a nota fiscal não for emitida no novo modelo, a empresa terá de recolher o tributo mesmo assim e, pior, pode ficar impossibilitada de faturar.
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O alerta é do advogado tributarista Samir Nemer, mestre em Direito Tributário. Segundo ele, o maior risco não está no pagamento do 1%, mas no colapso operacional que a falta de adequação pode provocar. “Sem os campos obrigatórios do IBS e da CBS, a nota simplesmente não será emitida. E, sem nota fiscal, não há faturamento nem conclusão de operações. Para empresas que dependem de um fluxo contínuo de vendas, esse gargalo pode significar paralisação de atividades, ruptura em cadeias de fornecimento e até inadimplência contratual”, explicou Nemer, que é sócio do escritório Furtado Nemer Advogados.
Grandes grupos, já acostumados a lidar com alterações em sistemas fiscais, tendem a absorver a transição com mais facilidade, segundo o especialista. No entanto, pequenas e médias empresas enfrentam maior dificuldade, seja por limitações tecnológicas ou pela ausência de equipes especializadas. Além disso, a reforma amplia a complexidade ao exigir a integração de estados e municípios ao padrão nacional da Nota Fiscal de Serviço eletrônica (NFS-e), incluindo novos documentos para setores como saneamento, locação e mercado imobiliário.
De acordo com Nemer, o cenário se agrava porque muitas empresas ainda não iniciaram os testes em ambiente de homologação, apesar de a Receita Federal ter garantido disponibilizar todos os modelos até dezembro deste ano. Empresas de software já alertam que a mobilização começou tarde e pode se concentrar nos últimos meses, o que eleva a chance de falhas em sistemas e processos.
Para reduzir riscos, o advogado recomenda que negócios de todos os portes mobilizem imediatamente suas equipes de tecnologia, contabilidade e jurídico para revisar processos, adaptar sistemas e simular operações no novo ambiente. “A transição para o IBS e a CBS é real e inevitável, e a negligência pode custar caro. Em 2026, não será o fisco o maior inimigo do contribuinte, mas a própria incapacidade de se adequar a tempo. A reforma tributária promete simplificar o sistema brasileiro no longo prazo, mas sua implementação exigirá, desde já, disciplina, investimento e planejamento”, declarou.
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