Dia a dia
Aborto: metade dos casos ocorrem na adolescência, diz pesquisa
Estudo indica que uma a cada sete mulheres já passou por um aborto. A situação é pior entre mulheres negras em situação de vulnerabilidade

Duas a cada três mulheres já passaram pela gravidez indesejada. Foto: Pexels
A Pesquisa Nacional de Aborto, divulgada na última sexta-feira (24), revelou que mais da metade (52%) dos casos de aborto ocorreram durante a adolescência, com 19 anos ou menos. Além disso, mais de um quinto (21%) das mulheres interrompeu a gravidez mais de uma vez, sendo que 74% dessas mulheres eram negras.
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Realizada por pesquisadores da Universidade de Brasília (UnB) em parceria com a Universidade Estadual do Piauí e a Columbia University, o estudo concluiu que 67% das entrevistadas fizeram um aborto entre os 20 e os 39 anos. Além disso, os números dizem que uma a cada sete brasileiras fizeram um aborto até os 40 anos.
As mulheres negras em situação de vulnerabilidade social foram as que tiveram maior registro da prática de aborto de repetição, que acontece quando a mulher faz o aborto mais de uma vez. No total uma em cada cinco mulheres já recorreram a essa prática.
A pesquisa também revelou uma diminuição no uso de medicamentos para estimular a expulsão do feto, bem como de hospitalizações e internações decorrentes de complicações do aborto. Esse fato pode estar relacionado à escolha de mulheres de classes média e alta em realizar o procedimento em consultórios, bem como a uma diminuição da capacidade dos hospitais em disponibilizar leitos devido à pandemia da Covid-19.
No entanto, a pesquisa apontou uma diminuição no número de mulheres que optariam por realizar um aborto em suas vidas, passando de 15% em 2010 para 10% em 2021. Porém, no Brasil, continuaram altas o número de mulheres que não planejavam engravidar: duas a cada três mulheres já passaram por essa situação.
A pesquisa foi respondida por 2 mil mulheres alfabetizadas entre 18 e 39 anos em 125 municípios urbanos, com respostas obtidas através de questionários. De acordo com os pesquisadores, não é possível afirmar que esse panorama também acontece da mesma maneira com as mulheres das áreas rurais.
